“A nossa prioridade é reconstruir a confiança dos portugueses, como projeto político alternativo de serviço a Portugal e de afirmação do nosso país, quer na sua dimensão externa, quer num novo modelo de desenvolvimento económico e territorial”, afirmou o Secretário-Geral socialista, assegurando que o PS está “a crescer de forma sustentada na relação com o eleitorado” e que os portugueses “podem contar com uma liderança séria e credível”.
Rejeitando populismos e radicalismos, José Luís Carneiro definiu o PS como “um partido reformista, não revolucionário”, que se afirma no espaço do socialismo democrático e da social-democracia, com “um ímpeto reformista do Estado, da sociedade e da modernização da economia”.
“Aspiro a um país global, capaz de competir com os melhores, com uma economia baseada no conhecimento, sustentável e inclusiva, e simultaneamente menos assimétrica e mais coesa. Um país que combata a pobreza e as desigualdades”, sublinhou.
Questionado sobre o papel do PS como oposição responsável num tempo de crescimento da extrema-direita, o líder socialista foi perentório: “É termos firmeza nos princípios e nos valores e, naturalmente, sermos críticos e simultaneamente propositivos, com propostas políticas credíveis e alternativas em relação às opções do Governo”.
José Luís Carneiro destacou o trabalho construtivo que o partido tem vindo a desenvolver “na Defesa, na Habitação e na Saúde”, assegurando que os socialistas continuarão a apresentar soluções concretas “noutras áreas, muito em breve”.
Sobre a vida interna do partido, José Luís Carneiro confirmou à jornalista Natália Carvalho que é “um líder consolidado”, mas garantiu que procurará “a devida legitimação num congresso” que será realizado “após as eleições presidenciais”.
“O meu desejo é que esse congresso seja amplamente participado por militantes e simpatizantes, para que depois possamos relançar o diálogo com a sociedade civil a partir do nosso Conselho Estratégico”, explicou.
Prioridades claras – Habitação e Saúde
No plano nacional, e apesar de “fenómenos de distração no espaço mediático”, José Luís Carneiro reafirmou as prioridades centrais do PS, destacando a Habitação e a Saúde.
“Sabemos bem que a habitação é a prioridade número um, particularmente para os mais jovens e para as classes médias dos grandes centros urbanos”, frisou, acrescentando que a Saúde enfrenta atualmente “uma desestruturação preocupante”.
A este propósito, fez notar que a Aliança Democrática, quando estava na oposição, “prometeu resolver em 100 dias problemas estruturais do Serviço Nacional de Saúde”, mas o resultado, vincou, é “um autêntico caos na emergência hospitalar, após a decapitação da reforma que o PS tinha em curso”.
“O PS, com honestidade procurará construir uma solução para ir ao encontro das necessidades concretas da vida das pessoas, contra a insensibilidade e a desumanidade que têm marcado as opções políticas deste Governo”, declarou, depois de ter referido outras preocupações dos portugueses, designadamente as relativas a rendimentos e apoios sociais na terceira idade.
PS fará escrutínio “muito exigente”
No âmbito do Orçamento do Estado para 2026, José Luís Carneiro voltou a deixar claro que a abstenção do PS na votação na generalidade foi um gesto de responsabilidade e estabilidade, mas também um “posicionamento muito exigente”, garantindo que o partido exercerá um rigoroso escrutínio democrático à ação do Governo ao longo do próximo ano.
O líder socialista criticou a falta de uma política económica coerente e a ausência de uma agenda de combate à pobreza e às desigualdades, contrapondo-lhe as propostas socialmente justas do PS, como o aumento das pensões mais baixas, em contraste com a opção da direita de cortar o IRC às grandes empresas.
Acusou ainda o executivo de ter traído a confiança dos eleitores, apontando como exemplos a revisão da Lei de Bases da Saúde e as alterações à legislação laboral, que considerou reveladoras de uma “governação desumana e sem rumo”.
Desmontar falsos discursos sobre imigração e Lei da Nacionalidade
O Secretário-Geral do PS rejeitou ainda a retórica populista da direita sobre imigração e nacionalidade, classificando como “falsa e sem fundamento” a ideia de que Portugal teve as “portas escancaradas”.
Aqui, destacou que as fronteiras estão hoje mais seguras e reguladas “fruto da reforma dos serviços de estrangeiros e fronteiras que foi feita, acrescentando a participação da PSP e da GNR”.
Sem deixar de destacar o “forte contributo económico dos imigrantes” para a economia nacional, indicou que estes trabalhadores estrangeiros são “responsáveis por mais de dois mil milhões de euros em receitas fiscais e contributivas, essenciais para o equilíbrio das contas públicas”.
O líder socialista confirmou igualmente que o PS votará contra as alterações à Lei da Nacionalidade, alertando que o Governo adotou o discurso discriminatório da extrema-direita, “caindo nos braços do Chega”.
E considerou esta cedência um grave retrocesso democrático, contrapondo que o PS defenderá uma política de imigração “responsável, regulada e assente na dignidade humana”.
No final, apelou à responsabilidade cívica dos portugueses face à ameaça do extremismo, pedindo que “avaliem as consequências que esses discursos da direita radical tiveram noutros países, não só para a economia, mas também para a paz social e a coesão democrática”.