Plano de Bruxelas está a “caminhar no bom sentido”
Carlos César, que participava no programa semanal da rádio TSF ‘Almoços Grátis’, sublinhou “dois grandes impulsos” para que este caminho esteja a ser feito com melhoria: “Desde logo foi a capacidade que os países da coesão revelaram em, unidos, pressionar as instituições europeias face àquilo que era a posição irredutível dos chamados países frugais, que já não são o que era porque a Alemanha já se distanciou desse segmento; e, por outro lado, a proposta do eixo franco-alemão”, que “teve um enorme significado no contexto político europeu e constitui um forte impulso para a proposta que hoje é apresentada pela Comissão Europeia através da sua presidente”.
Por isso, as notícias que chegaram hoje de Bruxelas são “boas na sua leitura preliminar”, observou o presidente do PS, que admitiu ter apreciado “de forma muito positiva a insistência com que a presidente da Comissão Europeia enquadrou a apresentação da sua proposta, mencionando repetidamente expressões que dão conteúdo político inequívoco”, tendo falado de “recuperação coletiva”, de “convergência”, de “interdependência” e insistindo na palavra “coesão”.
No entanto, Carlos César deixou um alerta: “Em boa verdade, a procissão pode ainda estar no adro”. E explicou que a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou hoje a proposta, mas o Conselho Europeu ainda “terá que procurar chegar a entendimento, depois tem que passar pela aprovação do Parlamento Europeu, depois, se o Conselho Europeu e o Parlamento Europeu não chegarem a acordo, a Comissão tem de apresentar um novo projeto de Orçamento”.
“Portanto, até agora, não podemos dizer que estamos prestes a ter um acordo, mas podemos dizer que estamos a caminhar no bom sentido, mesmo que esse sentido nos possa distanciar da posição dos quatro países mais renitentes”, frisou.
Governo tem dado sinal de maioridade e consciência política
Carlos César deixou depois a garantia de que a prioridade do Governo português é “conhecer as opiniões de todos os partidos políticos, conhecer as opiniões dos parceiros sociais e procurar que o Programa de Emergência Económica e Social e o Orçamento Retificativo sejam documentos o mais consistentes possível e mais adaptados aos desafios com que, de imediato, nos confrontamos”.
E não esqueceu que, apesar de a situação epidemiológica em Portugal estar a evoluir favoravelmente, “há um reverso menos bom da moeda, que é a economia e as famílias em grandes dificuldades”. “A perda de rendimento é mesmo o fenómeno com maior consequência social neste processo e até já foi bom ser aprovado o prolongamento até 30 de setembro, no Parlamento, por proposta do PS, das medidas de apoio às famílias no âmbito da pandemia com a proibição de suspensão dos contratos de água, de luz, de gás, de telecomunicações”, mencionou.
“Por isso, o caminho a fazer é manter a moeda de pé sem que assente numa das faces expondo a outra.
Por outras palavras, nós temos que salvaguardar a situação do ponto de vista sanitário não comprometendo simultaneamente a recuperação que urge fazer da nossa economia”, garantiu o dirigente socialista.
O presidente do PS teceu ainda um elogio ao Executivo: “Não me recordo de um trabalho de um Governo tão minucioso e atento às opiniões dos partidos e parceiros sociais para a elaboração de um plano e de um Orçamento como o que agora António Costa está a fazer com o Programa de Emergência Económica e Social, e o Orçamento do Estado Retificativo”. “É para mim um sinal de grande maioridade e de grande consciência política e sentido de Estado do primeiro-ministro e do Governo”, congratulou-se.
Carlos César mostrou-se ainda convencido de que o “Orçamento do Estado Suplementar será aprovado tranquilamente e que o Programa de Emergência Económica e Social será aceite na maioria das suas medidas”.