No arranque dos trabalhos da sessão temática sobre “Território, Poder Local, Agricultura e Mar”, que decorreu ontem, na sede nacional do PS, em Lisboa, no âmbito do processo de construção do Manifesto Legislativas 2025 com que o partido se apresentará às eleições antecipadas de 18 de maio, o Secretário-Geral socialista apontou a litoralização do país como “um dos principais desafios que Portugal tem pela frente”, defendendo uma aposta estratégica em torno da coesão territorial, que passa necessariamente por mais investimento público no interior do país.
Na ocasião, em que esteve acompanhado por antigos governantes como José Maria Costa, ex-secretário de Estado do Mar e atual deputado socialista, Gonçalo Rodrigues, ex-secretário de Estado da Agricultura, João Ferrão, ex-secretário de Estado do Ordenamento do Território e das Cidades, e Rui Gonçalves, ex-secretário de Estado do Desenvolvimento Rural e das Florestas, o líder do PS lembrou que, ao longo de décadas, Portugal foi acentuando a sua litoralização, perdendo progressivamente população em grande parte do seu território.
“Não deixa de ser paradoxal que um país que se queixa tantas vezes de ser pequeno, tenha sido capaz de deixar para depois cerca de 70% do território”, assinalou, admitindo não ter havido, no país, “capacidade de aproveitar na plenitude o nosso território”.
Sustentou, por isso, a necessidade de construir um “consenso muito alargado” para começar a “investir a sério no interior do país”, descrevendo esta solução como uma “oportunidade de desenvolvimento nacional”.
E neste ponto, Pedro Nuno Santos advogou pela recuperação de “estratégias antigas”, como o aprofundamento das ligações ibéricas, recordando que o interior de Portugal está mais próximo de Espanha do que do litoral nacional.
O Secretário-Geral socialista destacou igualmente os desafios trazidos pelas alterações climáticas às diferentes regiões do país, falando sobre o “problema da água” que o Sul enfrenta, bem como dos incêndios florestais que fustigaram o Centro e o Norte.
De seguida, referiu o “enorme potencial da floresta” portuguesa, criticando que se mantenha subaproveitado, reivindicando que o país “tem de ter a capacidade de aproveitar” e de apoiar este setor com políticas públicas.
Nesta mesma ordem de ideais, o líder do PS falou também sobre a importância vital de “apoiar fortemente, com políticas públicas, a inovação e a sustentabilidade do setor agrícola nacional”, que, sublinhou, “pode ser polo de desenvolvimento do interior, com a fixação de jovens qualificados nestes territórios”.