Pedir uma exoneração à menor circunstância é “ceder à política do espetáculo”
Apesar de reconhecer que todos “anseiam” por esse momento, até provavelmente o próprio governador, Carlos César, que participava no programa ‘Almoços Grátis’ da TSF, notou que pedir uma exoneração “à menor das circunstâncias é um pouco ceder à política do espetáculo. Ora, nós não fazemos política do espetáculo com a banca e com os interesses vitais que estão em causa para todos os portugueses”.
“A fragilidade do governador do Banco de Portugal hoje é um pouco idêntica à que já revelou no passado”, alertou Carlos César, que lembrou que este “teve sempre um desempenho marcado pela passividade em inúmeras circunstâncias”, como por exemplo no Banif, que teve “consequências muito nefastas”.
O presidente da bancada socialista recordou que Carlos Costa pediu escusa de se pronunciar sobre o processo da Caixa Geral de Depósitos (CGD), o que o Partido Socialista considera o mais correto a fazer, caso contrário corria-se o risco de “uma incompatibilidade no exercício do governo do Banco de Portugal”.
Neste momento está em prática um “conjunto de diligências cujo objetivo é esclarecer por completo todo este processo que envolveu a Caixa Geral de Depósitos entre 2010 e 2015”, frisou. Está a decorrer um inquérito da administração da Caixa Geral de Depósitos, a pedido do Governo, que visa o apuramento de responsabilidades dos ex-gestores e ex-administradores da CGD; outro inquérito por conta do Ministério Público; e está para breve uma comissão parlamentar de inquérito, com o objetivo de deslindar as responsabilidades envolvidas no processo que degradou o banco público.
“Não podemos pôr o carro à frente dos bois, a menos que, no percurso dessas investigações, se torne claro que o procedimento de A ou B, entre os quais o atual governador do Banco de Portugal, tenha sido de tal forma doloso e oneroso” que suscite uma exoneração, defendeu o líder parlamentar socialista.