Pedido de adiamento do Brexit é “uma boa notícia”
Lamentando que em todo o processo do Brexit, que se arrasta há cerca de dois anos, não tenha havido até agora uma única “ótima notícia”, Augusto Santos Silva reconheceu, contudo, que o pedido que ontem foi feito pela primeira-ministra britânica Theresa May para que Bruxelas conceda um adiamento da saída do Reino Unido da União Europeia para depois de 29 de março surge, finalmente, como referiu o governante, como uma primeira “boa notícia”.
Com efeito, a moção do Governo britânico ontem apresentada pela primeira-ministra Theresa May e aprovada no Parlamento propõe que o Reino Unido negoceie com a União Europeia uma extensão da aplicação do artigo 50.º do Tratado de Lisboas, no mínimo até 30 de junho de 2019, sendo que se Bruxelas concordar, o que poderá acontecer no próximo dia 21 de março no Conselho Europeu, dia em que os líderes da UE se vão pronunciar sobre esta matéria que exige unanimidade, o Reino Unido não sairá da União Europeia como estava previsto no dia 29 de março de 2019.
Regozijando-se com o facto de o Parlamento britânico ter ontem aprovado esta moção, com uma opção de extensão curta de três meses ou um prolongamento maior, Santos Silva, reconhecendo ser esta uma mudança positiva no processo do Brexit, considerou, contudo, que em nada vai alterar a posição do Governo português em querer manter o seu plano de contingência para enfrentar uma eventual “saída sem acordo”, ainda que agora se perspetive, como admitiu, que possa haver mais tempo para a preparação da saída do Reino Unido da União Europeia.
Um plano de contingência que, para o Governo português, faz todo o sentido manter, porque “o que vale”, como sustentou o ministro dos Negócios Estrangeiros, é a decisão avocada pelo povo britânico, que em 2016 manifestou em referendo “querer abandonar a União Europeia”.
Saída equilibrada
Para o titular da pasta dos Negócios Estrangeiros o ideal será sempre um cenário onde haja uma saída de “forma organizada” do Reino Unido da União Europeia, o que permitiria, como enfatizou Santos Silva, que ambas as partes, Reino Unido e União Europeia pudessem estabelecer uma “relação económica e política o mais estreita possível”.