PEC é a confissão do falhanço deste Governo
Ao intervir na conferência “Os caminhos do crescimento”, organizada pelo “Jornal de Negócios”, António Costa sublinhou que “as ideias da austeridade expansionista e da desvalorização interna destruíram mais do que transformaram”, quer pelo desinvestimento e a desconfiança gerada nas famílias e nas empresas, quer pelo atraso que tudo isto implicou na modernização do perfil de especialização da economia portuguesa.
Vincando que o programa de ajustamento a que Portugal foi sujeito não só “não resolveu o problema estrutural de competitividade da nossa economia”, mas também “degradou o crescimento potencial” desta, ao ter levado à queda “brutal” de investimento e ao desemprego, o líder socialista começou a sua intervenção pela questão que classificou como “a mais urgente”.
“A questão da confiança é a principal questão nacional”, disse António Costa, sublinhando que para o reforço da confiança das famílias e das empresas é essencial a recuperação de rendimentos e a recuperação de “músculo empresarial” que possibilite a recuperação do emprego.
A par do programa de recuperação económica e social, pontualizou o líder socialista, é urgente enfrentar “os bloqueios estruturais do país com um programa que vá à verdadeira raiz dos défices de competitividade da nossa economia”.
“Um programa assente numa opção de fundo: a competitividade conquista-se por via da qualificação e da modernização”.
Esta “intervenção estrutural” exige, explicou, “um horizonte de execução de médio e longo prazo e o envolvimento do conjunto da sociedade”.
Neste ponto, lembrou que a proposta da Agenda para a Década apresentada pelo PS “é o nosso contributo para uma visão estratégica comum para a década 2014-2024”.
Mas, ressalvou, “a frente interna tem de ser acompanhada de uma exigente agenda europeia”, advogando o abandono da “política deflacionária que a Europa tem seguido”.
Para o secretário-geral do PS, há três questões centrais a ter em agenda: a correção estrutural dos impactos assimétricos do euro sobre a competitividade das diferentes economias, a necessidade de estabelecer um novo equilíbrio entre os recursos afetos ao serviço da dívida, os necessários ao cumprimento das obrigações constitucionais e os indispensáveis à realização dos investimentos estruturantes para a nossa competitividade, e ainda, o ajustamento da trajetória de consolidação ao ciclo económico e ao esforço de concretização dos investimentos estruturantes.
PS indisponível para novo corte nas pensões
Na conferência do “Jornal de Negócios”, António Costa fez questão de deixar clara a indisponibilidade do partido para dialogar com o Governo sobre um novo corte de 600 milhões de euros nas pensões, recusando “fazer remendos”.
“Não temos a menor disponibilidade para qualquer diálogo que vise um novo corte de 600 milhões de euros nas pensões que é, aliás, uma medida que o Governo sabe antecipadamente inviável porque traduz, quase duplica a última tentativa que fez e que já foi declarada inconstitucional há poucos meses de um corte de 372 milhões”, declarou o líder socialista.
Concordando com a necessidade de “olhar com muita seriedade para o sistema de segurança social”, o secretário-geral contrapôs essa “questão de fundo” à intenção de “fazer remendos à custa do corte das pensões simplesmente para compensar a incapacidade da gestão orçamental”.