PASSOS VENDEU PORTUGAL AO DESBARATO
Se se tornasse necessário demonstrar que Passos Coelho não é social-democrata, embora me pareça tão evidente que dispense qualquer demonstração, a prova seria excelente. Se fosse social-democrata, teria em conta que os sectores-chave da economia devem estar nas mãos do Estado. Com as privatizações não foi só o património que se perdeu. A nossa independência também foi afetada, porque o país ficou mais dependente do capital estrangeiro, ou então, se preferirem, das multinacionais – é apenas uma questão de terminologia.
Mas quem paga a maior fatura das privatizações é, inegavelmente, o povo português, porque as empresas, agora estrangeiras, praticam preços bastante elevados, nalguns casos mesmo exorbitantes. É uma das razões pelas quais as multinacionais nunca fecham – as empresas portuguesas, essas, sim. Passos foi amigo do grande capital estrangeiro, não do povo português. Por isso, a sua popularidade é inferior à do deputado do PAN.
Os portugueses passaram a pagar preços incomportáveis por serviços de que dificilmente podem prescindir. Senão vejamos: tenho familiares em França e nesta quadra natalícia, de há uns anos a esta parte, costumo enviar-lhes um bolo rei. Pago, agora, mais pelos serviços de envio dos CTT do que pelo presente de Natal! Inaceitável. Por outro lado, a ME0, desde que foi privatizada, também já me aumentou o preço do serviço de televisão. Outro caso flagrante é o da ANA, aeroportos de Portugal. Segundo me disseram, esta empresa subiu sete vezes o valor das suas taxas, a partir do momento em que foi vendida!
Em boa hora, a privatização da Carris e Metro foi travada, conseguindo-se, também, o equilíbrio na TAP. A fúria privatizadora de Passos Coelho era de tal ordem que até se dizia, em tom irónico, que nem a Torre de Belém ia escapar. Se a venda da Carris e Metro não tivesse sido impedida, ninguém tenha dúvidas de que aumentavam logo – no que seria, provavelmente, o primeiro ato da nova gestão – o preço das viagens e do passe. Mais uma vez, o povo português é que pagava a fatura da privatização, com a agravante de ser nos transportes, um serviço que lhe é imprescindível. Outros aspetos houve, no mandato de Passos, tão ou ainda mais gravosos do que as privatizações, que justificam a designação de PREC de direita. Refiro-me, por exemplo, ao roubo nos salários e pensões. E ao corte dos feriados. O que me espanta é que, depois de tanto mal, tenha ficado impune!