Parlamento Jovem comemora 25 anos | Passado – Presente – Futuro
O Parlamento Jovem acaba de completar vinte e cinco anos. Idealizado para os Jovens, para os sensibilizar e motivar para a participação democrática e para a assunção de responsabilidades da cidadania. Professora de profissão, eu estava muito empenhada em que a sociedade civil e a escola unissem esforços para enriquecer a formação cívica dos jovens, preparando-os para as funções do futuro. Esta foi a ideia força, que colocou em marcha o Projeto Parlamento dos Jovens.
Nessa época, a Assembleia da República (AR) não estava muito sensibilizada para esta ideia. O medo das interpretações erradas e por vezes abusivas deixou os políticos num estado de indecisão, que teria deitado tudo a perder, mas, como deputada, gozava do privilégio de poder levar em frente a ideia. Com o apoio da minha secretária parlamentar, Filomena Borba, o projeto arrancou. Contou com o apoio precioso dos presidentes das Câmaras do Porto e Lisboa, respetivamente Fernando Gomes e Jorge Sampaio, que levaram, no dia 21 de fevereiro de 1995, oitenta jovens das áreas metropolitanas do Porto e Lisboa. Mas como tudo que é inovador merece crítica, o Parlamento Jovem foi alvo, no “Jornal Independente”, de uma verrinosa crítica, em que se condenava o presidente da Câmara do Porto, Fernando Gomes, de esbanjamento de dinheiros da autarquia. Não compreenderam, o jornal e o seu diretor, o alcance do projeto e a importância de formar os jovens para o futuro, para o exercício pleno da democracia, integrando-os num projeto com um enorme alcance pedagógico e cívico, como se provou vinte e cinco anos depois.
O projeto, como não podia deixar de ser, por se tratar de um projeto para jovens, conheceu várias fases e foi evoluindo ao longo dos anos, até ser totalmente integrado na AR, com supervisão da Comissão de Educação, Ciência e Desporto. Começou com os anos mais novos e foi posteriormente alargado ao secundário. Teve outras designações como “A Escola e a Assembleia” para o básico e “Assembleia na Escola” para o secundário. Residiu, nos primeiros anos, no Gabinete do Presidente da Assembleia da República, António de Almeida Santos, por eu ser nessa altura sua assessora. Aí se desenvolveu, cresceu e se afirmou, com assinatura de um Protocolo entre a AR e o Ministério da Educação, representados por Almeida Santos e Marçal Grilo, respetivamente. Este Protocolo foi decisivo para a integração plena nas Escolas e passar a haver uma consistente articulação entre a AR e o ME, como tutelar das Escolas. O Presidente Almeida Santos foi determinante para que eu pudesse desenvolver outras ações complementares e com suporte financeiro. O projeto ficou alocado no Gabinete do PAR até ao fim do mandato e continuou a ser coordenado por mim.
Neste presente, o futuro não foi esquecido, sob pena de se perder um trabalho inovador e as escolas, que o acolheram com paixão e determinação, foram manifestando as suas preocupações. Há algum tempo, que se equacionava a necessidade de o Parlamento Jovem, que obrigatoriamente sairia do Gabinete do PAR, criasse a sua própria Estrutura, que ficaria na supervisão da Comissão de Educação, o que aconteceu logo que o PAR Almeida Santos deixou o cargo.
A AR cuidou sempre muito bem do Projeto, criando-lhe todas as condições, para não só continuar a realizar-se, como evoluir e atualizar-se, acompanhando os tempos, ouvindo os jovens e as Escolas, atingindo as Regiões Autónomas e a Diáspora.
O Parlamento Jovem celebra vinte e cinco anos, em que não só se consolidou, como atualizou e acompanhou os tempos ao serviço dos interesses dos mais novos e dando um sério e imprescindível contributo para a formação de cidadãos responsáveis, bem preparados para exercerem as suas opções conscientes de cidadania.
Enquanto criadora deste projeto, interpretei o sentir dos jovens, de quererem participar na vida do País e os habilitar, com competência, para o esse desempenho. Como deputada deixei um importante testemunho do trabalho parlamentar, ao serviço da cidadania e da preparação do futuro das gerações seguintes.
A cidadania responsável consiste em servir o País nas funções que nos são confiadas.
Julieta Sampaio
Criadora do Parlamento Jovem; ex-deputada.