Partidos que apoiam candidatos com posições racistas desonram a democracia
O Secretário-geral do PS acusou ontem o líder do PSD de “falta de coragem” política ao manter o candidato do seu partido à Câmara Municipal de Loures, depois de este ter dirigido críticas racistas à comunidade cigana, afirmações que, na opinião de António Costa, “desonram qualquer partido democrático”.
Para António Costa, não é possível não retirar imediatamente a confiança política a um candidato desta natureza, que não “desonra só uma candidatura em Loures”, mas “o partido que o representa, o líder que não lhe retira a confiança política” e a de “tantos e tantos excelentes autarcas do PSD que não mereciam ombrear com um candidato que desonra a democracia portuguesa”.
António Costa voltou-se depois para o PS, definindo-o como “um espaço de confluência”, que tem sido capaz de juntar pessoas que “integraram movimentos de cidadãos”, dando como exemplo o caso de Isabel Magalhães, candidata socialista à presidência da Assembleia Municipal de Cascais, mas também de cidadãos “vindos de outras forças políticas”, como é o caso de dois ex-presidentes da Câmara de Cascais, Helena Roseta, independente do PS e fundadora do PPD/PSD e José Luís Judas, antigo líder da CGTP/IN e dirigente do PCP.
Quanto à candidatura de Gabriela Canavilhas, antiga ministra da Cultura de um Governo do PS, à Câmara Municipal de Cascais, António Costa considerou que “seria impossível” os socialistas terem encontrado uma “melhor candidata”, definindo-a como uma “notável figura da cultura” e uma “excelente gestora”, que dá todas as garantias de como deve ser gerida a autarquia de Cascais.
O Secretário-geral do PS e primeiro-ministro teve ainda ocasião para se referir brevemente à evolução económica do país, manifestando satisfação pelos resultados alcançados, tendo a este propósito alertado para o facto de a União Europeia “já não mostrar preocupação” pela evolução da economia portuguesa mas, pelo contrário, como realçou, manifestar satisfação pelos bons resultados do país, de que foi exemplo a visita do comissário europeu para os Assuntos Económicos, Pierre Moscovici.
Segundo o chefe do Governo, é contudo necessário que os portugueses continuem a ter a noção que para que este caminho possa continuar é preciso “prosseguir e porventura alargar esta política”, incluindo neste esforço, como sustentou, os “diferentes concelhos e freguesias”, porque hoje, como realçou António Costa, “não se governa só a partir do Terreiro do Paço”, mas em “parceria com as autarquias locais”.
Investir na coesão e identidade de Cascais
Na sua intervenção, a candidata socialista à Câmara Municipal de Cascais, Gabriela Canavilhas, apontou baterias à gestão do PSD, fazendo muitas críticas ao atual detentor do cargo eleito pela direita, quer no plano social e económico, como no plano cultural.
Quanto ao que se propõe fazer quando for eleita, Gabriela Canavilhas lembrou que do seu programa fazem parte, entre outras, medidas como “duplicar a devolução da componente municipal de IRS aos cidadãos”, avançar com novos e importantes investimentos em novas tecnologias para colocar Cascais na “linha da frente dos investimentos em novas tecnologias”, levando o wi-fi gratuito a grandes espaços públicos, como praças, escolas ou bibliotecas, ou, ainda, consolidar o Ensino Superior em Cascais, “dando primazia à área da investigação em torno do mar”.
A candidata socialista considerou mesmo as novas tecnologias como “decisivas para a inclusão social”, justificando que a sua aprendizagem “obriga a aumentar a literacia” das populações, não deixando contudo de sustentar que não vislumbra “qualquer desenvolvimento do território” sem uma aposta forte na cultura e na educação, mas também no turismo, no ambiente e num urbanismo qualificado.
Para Gabriela Canavilhas, “é inacreditável” que o quinto maior concelho do país não tenha na sua orgânica camarária um vereador para a cultura, garantindo que com o PS na presidência da edilidade, o município dará uma atenção redobrada à cultura, que “é um dos mais importantes fatores de combate à exclusão social”, defendendo que investir na cultura é “investir na identidade de Cascais, na coesão e projeção internacional deste concelho”.
A candidata socialista acusou ainda o PSD por ter “penalizado” as populações do concelho com “opções sectárias e erradas”, duplicando com isto a dívida da autarquia, designadamente, como referiu, ao ter comprado “à custa do orçamento da autarquia” diversos imóveis do Estado, “sobretudo entre 2011 e 2015”, numa “tentativa evidente do PSD e do CDS-PP de Cascais para ajudarem o anterior Governo liderado por Passos Coelho”.