Parlamento Europeu homenageou “grandeza de um cidadão do mundo”
Promovida pela delegação do PS ao Parlamento Europeu, em Bruxelas, cerca de uma centena de eurodeputados das diferentes forças partidárias, não só portuguesas, mas também de outras nacionalidades e de muitos funcionários, participaram ontem numa cerimónia evocativa de Mário Soares, oportunidade para prestarem homenagem à “grandeza de um cidadão do mundo”.
Manifestando satisfação pela presença da grande maioria dos eurodeputados portugueses e de “todos os que se quiseram juntar”, de outros países, a esta homenagem, o eurodeputado Carlos Zorrinho, líder da delegação socialista, lembrou o legado deixado por Mário Soares, não só a Portugal, mas à Europa e ao mundo, afirmando que o fundador do PS e ex-Presidente da República era “um grande português”, mas também um cidadão da Europa, com “muitos amigos em todo o mundo”.
Para Carlos Zorrinho, a tristeza e a “comoção que se tem vivido” um pouco por todo o lado, e “especialmente em Portugal”, com a morte de Mário Soares, é a demonstração da sua “grandeza e da sua enorme dimensão humana”, destacando ainda o facto de ser uma “referência incontornável” da vida e da democracia portuguesa.
Atributos que foram também sublinhados pelos eurodeputados portugueses de outros partidos, designadamente Paulo Rangel, pelo PSD, Marisa Matias, pelo Bloco de Esquerda, João Pimenta Lopes, pelo PCP, José Inácio Faria, pelo MPT e Nuno Melo, do CDS.
Entre os políticos de outras nacionalidades que se quiseram associar a esta cerimónia evocativa de Mário Soares, destaque para a eurodeputada francesa, Sylvie Guillaume, que justificou a sua participação com a necessidade, como aludiu, de prestar tributo a “uma grande figura política e a um enorme intelectual”, que sempre se “bateu pelas suas convicções”.
Segundo esta eurodeputada francesa, que mencionou nunca se ter cruzado com Mário Soares nos corredores do Parlamento Europeu, em virtude de apenas ter iniciado o seu mandato “depois de Mário Soares ter terminado a sua presença na assembleia europeia,”, pormenor que Sylvie Guillaume considerou não a ter impedido de ter “lido muito” sobre o antigo primeiro-ministro e Presidente da República português, sabendo tratar-se, como afirmou, de um “verdadeiro socialista”, com “convicções de esquerda, mas sem sectarismos”, alguém, como acrescentou ainda, que teve um papel “essencial e determinante” no processo de democratização e integração europeia de Portugal.
Também os eurodeputados socialistas espanhóis, Eider Gardiazabal Rubial e Enrique Guerrero, reconheceram o destacado papel assumido por Mário Soares na construção da União Europeia nos “últimos 30 ou 40 anos”, sublinhando Eider Rubial o contributo determinante que o político português deu na adesão simultânea de Portugal e Espanha ao projeto europeu e na “influência” que teve na transição política espanhola, nos dias que se seguiram à revolução de abril de 1974, o que faz de Mário Soares, como garantiu, “uma referência para os socialistas espanhóis”.
Na mesma linha, a eurodeputada socialista francesa, Pervenche Berès, considerou Mário Soares como o “símbolo de um Portugal moderno”, um país, como sustentou, que “ele inscreveu no coração na nova história da Europa”.
O livro de condolências, colocado numa zona nobre do parlamento, ao lado de uma fotografia de Mário Soares e de um cravo vermelho, foi assinado por dezenas de pessoas, entre as quais os líderes parlamentares das duas grandes famílias políticas europeias, Manfred Weber, do Partido Popular Europeu e Gianni Pittella, dos socialistas europeus, enquanto o presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, optou por se deslocar a Lisboa para assistir às cerimónias fúnebres, que tiveram lugar no Mosteiro dos Jerónimos e ao funeral no cemitério dos Prazeres.