País tem de prosseguir política de rigor e de boas condições de investimento
O primeiro-ministro foi ontem o convidado de honra do almoço promovido pela Associação 25 de Abril e pela revista “Ânimo”, tendo na sua intervenção defendido que Portugal não pode nem deve deixar de manter a mesma atitude que tem vindo a assumir desde que o atual Governo tomou posse em finais de 2015, que é, como salientou, a de continuar a seguir uma política económica não só “cautelosa”, mas também “equilibrada”, considerando ainda como fator crucial a redução a dívida.
Ter cautelas e não querer entrar em facilitismos eleitorais, agora que a legislatura iniciou o seu último ano, significa, para António Costa, evitar que Portugal e a sua economia se exponham a uma “corrente de ar que possa provocar uma gripe que depois se transforme numa pneumonia”, o que em sua opinião pode ser evitado prosseguindo com o atual perfil de rigor, designadamente, mantendo as “contas certas e as boas condições de investimento”, repondo salários e pensões e continuando com a política de “redução da tributação sobre o trabalho”.
Garantindo que foi a postura inflexível assumida pelo Governo que permitiu que o país tivesse contas certas, recordando a propósito a significativa e inédita redução do défice que muito contribuiu, como salientou, para a “credibilização interna e externa da atual solução governativa”, António Costa focou a sua atenção na dívida, lembrando que, quando chegou ao Governo, em finais de 2015, a dívida do país estava nos 130% do produto, mostrando-se convicto de que em finais deste ano atinja os 118% do PIB.
Esta importante redução da dívida, referiu o primeiro-ministro, significa não só “que o país passa a dever menos”, como permite que deixe de pagar cerca de 140 milhões de euros em juros, libertando esta verba para o reforço do investimento em áreas como a saúde ou a educação, defendendo António Costa que, se é “crucial reduzir o serviço da dívida”, é igualmente necessário, para que isto possa acontecer, que o Governo disponha de estabilidade e de “condições políticas” para o fazer.
O primeiro-ministro fez ainda questão de recordar que, apesar de as desigualdades terem diminuído significativamente desde há três anos, “ainda há muita pobreza” e que os cerca de 431 mil novos postos de trabalho criados desde 2015 não foram ainda suficientes para eliminar o défice de emprego de “milhares de portugueses” que ainda não encontraram um posto de trabalho, recordando ainda os muitos outros portugueses que, tendo emprego, se “encontram numa situação de precariedade”, e que merecem, tal como os restantes, ter estabilidade nas suas vidas.
Dispersão de votos à esquerda só beneficiaria a direita
Na sua intervenção, António Costa reiterou também que vê com bons olhos a manutenção da atual solução governativa na próxima legislatura, mas advertiu para os riscos de uma excessiva dispersão de votos à esquerda em benefício da direita, sendo necessário garantir que a atual solução continua maioritária, o que, em seu entender, só um PS forte pode assegurar.
“Aquilo que seria o maior erro era, nesta pressa final de cada um começar a contabilizar ganhos e perdas do ponto de vista eleitoral, colocarmos em causa aquilo que foi um fator de enriquecimento da democracia e de esperança para muitos portugueses, ou por radicalismo precipitado, ou por calculismo injustificado”, referiu o Secretário-geral do PS.
Para António Costa, a atual solução de Governo “foi muito importante” para o enriquecimento da democracia e das escolhas dos portugueses, importância essa que não se mede apenas pela aritmética eleitoral.
“É que, independentemente dos próximos resultados eleitorais, esta solução demonstrou muitas virtualidades, já que permitiu a todos aprendermos, irmos mais longe do que julgávamos que podíamos ir e permitiu a todos uma visão mais integrada do que é a realidade do país. Permitiu à nossa democracia ser mais rica do que era anteriormente”, sustentou, completando que, atualmente, em Portugal, “há mais soluções de Governo”.
“Os portugueses têm ao seu dispor mais alternativas, o que permitiu uma nova dinâmica de diálogo social, político e cultural”, concretizou.