“Oxigenar a nossa democracia”
Garante que pelo lado do BE o acordo com o PS, tanto em relação a este orçamento como aos próximos, será mantido enquanto for “travada a austeridade e o empobrecimento”, recordando que “haja o que houver”, o Governo está impedido de atacar salários, pensões e o peço dos bens essenciais.
O que poderá pôr em causa a estabilidade governativa, diz, não serão as negociações à esquerda, mas a intransigência das imposições da Comissão Europeia “que ameaça qualquer país que não cumpra as suas ordens”, garantindo que o BE cumprirá com a sua responsabilidade de manter a estabilidade governativa, apesar do “nervosismo imenso” que a direita tem demonstrado sobre a estratégia orçamental do Governo.
Para a deputada do Bloco de Esquerda o balanço da governação, com apenas três meses, “é positivo”, o que deixa perceber “que o acordo foi útil”, começando mesmo a haver a perceção que este entendimento com o PS “é estável e sólido” e que, independentemente de haver diferentes posições sobre alguns pontos, “não tem de estar sempre tudo em causa”, mesmo que “pensemos de forma diferente”.
Muito trabalho pela frente
Depois de enunciar um conjunto de medidas que o BE propõe na especialidade, Mariana Mortágua lembra que Portugal atravessou nos últimos quatro anos uma transformação profundíssima, que não se resumiu apenas, como salientou, “a mais ou menos cortes nos salários ou nos rendimentos”, mas uma alteração nos padrões “culturais e sociais”, que estava a empurrar o país para uma efetiva “mudança de regime” que começava a ser aceite e a propagar-se “como a nova e única normalidade”.
Para inverter este quadro, realça Mariana Mortágua, a esquerda precisava de reintroduzir conceitos que tinham desaparecido do debate político, em consequência da “lavagem cerebral, cultural e social” amplificados pela direita PSD/CDS ao longo da última legislatura, afirmando não ter dúvidas que “este Governo permitiu oxigenar a nossa democracia”.
A este propósito lembra a importância da aprovação do OE/2016 que em sua opinião “não se resume apenas e tão só a repor rendimentos”, o que já não seria pouco, mas a restituir a normalidade dos princípios constitucionais, tirando gente da pobreza e recuperando direitos que “estavam perdidos”, e que corriam o risco de “ser esquecidos”.