Os Açores e a (in)consequência politica
Foi assim que o Vice-Presidente da Comissão de Negócios Estrangeiros introduziu o Deputado António Ventura no debate, na especialidade, do Orçamento do Estado para 2018.
António Ventura é um dos deputados do PSD que mais intervenções tem nos debates em Comissão, que mais se revela no histrionismo dos seus argumentos, por vezes primários, mas, mesmo assim, o seu companheiro de partido não aprendeu ainda o seu nome.
É relevante esta introdução para dar relevo à dicotomia entre deputados da “província” e deputados do “todo”.
O debate parlamentar exige uma atenção cuidada. Se um deputado se fixar, em restrito, na leitura curta do seu círculo, as suas palavras e as suas propostas caminham mais lentamente, restringem o espaço da sua influência. Por outro lado, se um deputado se fixar, unicamente, no debate nacional, não cumpre a obrigação de representar, com dignidade, os seus eleitores. Importa que se encontre o ponto certo para o combate parlamentar.
António Ventura bem pode caminhar, progressivamente, no volume do seu discurso, no quase saltar da cadeira sempre que fala, mas não consagrará auditório, nem sequer nos deputados do seu próprio partido.
Por outro lado, Lara Martinho, também deputada eleita pelos Açores, consagra a consequência do seu mandato. Em nenhum debate se afasta das reivindicações sobre a Base das Lajes, em nenhum combate deixa de ter o seu contributo sustentado. Por isso, Ventura se afirma no cantante que cansa, Lara Martinho se consagra na consequência política que terá resultados.
A Base das Lajes pode ser qualquer processo, projeto, problema. Enquadrar o tema local na política nacional, encontrar medidas que resolvam e não meras proclamações são os desafios de cada parlamentar.