De acordo com este relatório anual da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), que todos os anos traça o retrato dos sistemas de educação e de ensino superior em 36 países, ontem apresentado em Lisboa numa sessão presidida pelo português Paulo Santiago, chefe da Divisão de Assessoria e Implementação de Políticas da Direção de Educação e Competências, da OCDE, o sistema do ensino em Portugal vai no bom caminho, acrescentando o ministro João Costa que este relatório “reflete a evolução muito positiva” que se verifica em Portugal, também no capitulo da educação, onde se nota haver um “percurso continuado e sistemático de que nos devemos orgulhar”.
Referindo-se a alguns números trazidos a público neste relatório, o titular da pasta da Educação destacou, entre outros, ao facto de “93% das crianças entre os três e os seis anos” frequentarem em Portugal o pré-escolar, de ter havido nos últimos anos uma clara “redução das baixas qualificações da população ativa” e de se verificar que a média da idade dos alunos portugueses, que concluem o ensino secundário, “é inferior à média da OCDE”.
Uma realidade que, na opinião do ministro João Costa, muito está a contribuir para que o ensino secundário em Portugal deixe de ser, definitivamente, a etapa “onde se têm verificado as taxas de sucesso escolar mais baixas”, observando o governante que o país está hoje a conseguir “caminhar no sentido de uma melhoria reconhecida, continuada e sustentada”.
A importância dos relatórios
Nesta sessão, o ministro fez ainda questão de destacar a relevância que relatórios como o ‘Education at a Glance’ têm para ajudar a “melhorar as decisões políticas” por parte do Governo, dando a este propósito o exemplo do impacto que o Plano Nacional de Leitura tem hoje em Portugal, depois de o Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA) “ter revelado os maus resultados dos alunos portugueses em termos de literacia de leitura”. Sustentando João Costa que sem dados e sem relatórios como este, “absolutamente cruciais”, o que teríamos “eram meras opiniões”, muitas vezes baseadas, como salientou, “em perspetivas demagógicas e desinformadas que impedem a boa decisão”.
O ministro defendeu ainda a necessidade de haver novos e reforçados financiamentos no ensino superior, assumindo também a responsabilidade de mostrar que o Governo “está a ir mais além e a fazer melhor do ponto de vista da qualidade, da relevância e da capacidade de inovação do sistema”, lamentando, contudo, que ainda haja instituições, nomeadamente em Lisboa, a “deixar de fora” candidatos a mestrados em ensino, apelando por isso aos dirigentes e reitores presentes nesta sessão para que “promovam os cursos na área da Educação” e “procurem atrair mais estudantes”.
Sucesso do ensino superior
Ainda em relação ao ensino superior, e tal como enfatizou o secretário de Estado Pedro Teixeira, o relatório da OCDE destaca a “evolução muito positiva que se tem verificado nos últimos 20 anos”, com números que apontam, designadamente, para que no ano letivo passado as universidades e politécnicos portugueses tivessem recebido mais de 430 mil estudantes inscritos (433.217), “o valor mais elevado de sempre”, defendendo que uma das preocupações que o Governo mantém é a de inverter o cenário de apenas “38% dos estudantes em licenciatura concluírem o curso no tempo esperado”.
Neste sentido, o secretário de Estado anunciou que o Governo está a preparar um programa de “prevenção do insucesso e abandono escolar”, dirigido aos estudantes do 1º ano do ensino superior, observando que mais importante ainda que o número de inscrições é apostar no sucesso do percurso dos alunos.