OCDE critica falta de aposta nas USF
Apenas 50% da população tem acesso às Unidades de Saúde Familiar (USF) com tudo o que isso implica na qualidade dos serviços médicos prestados ao nível dos cuidados primários, diz a OCDE num relatório sobre a qualidade dos cuidados de saúde em Portugal apresentado ontem em Lisboa pelo ministro da Saúde.
Segundo este relatório, as Unidades de Cuidados de Saúde, os tradicionais centros de saúde, perdem para a USF quer no acesso dos utentes às consultas ou no aconselhamento por enfermeiros, quer no tempo de espera para consulta com o médico de família, sendo nas USF menor em cerca de 50%.
Este relatório da OCDE refere ainda que os portugueses “são tratados de forma diferente” consoante tenham acesso a USF ou a “simples centros de saúde”, lembrando que Portugal é também o país que tem das “mais altas taxas de infeções hospitalares”.
Recomenda por isso, que o país aposte mais nos cuidados de proximidade para responder a “urgências menos graves”, criticando o sistema de saúde português por estar ainda “demasiado dependente” do sector hospitalar.
Este relatório alerta ainda o Governo para a alta taxa de mortalidade por AVC isquémico a “mais elevada da média dos restantes países da OCDE”, para as infeções associadas aos cuidados de saúde, que “parecem ser mais comuns em Portugal do que nos outros países”, e que o país tome medidas urgentes e mais eficazes para “reduzir o número de utentes que vão às urgências quando podem ser tratados nos cuidados primários.
Ainda na área dos cuidados de saúde primários, a organização recomenda um maior equilíbrio e uma “reflexão estratégica”, entre os tradicionais centros de saúde e as Unidades de Saúde Familiares (USF).
Ao nível da gestão financeira, a OCDE defende que o caminho passa pela “especialização e concentração de serviços” por forma a evitar que a boa gestão das farmácias hospitalares “seja posta em causa por uma prescrição desadequada”.