O que se passou na TAP foi muito feio
Em entrevista ao jornal Correio da Manhã e à CMTV, o primeiro-ministro afirma que o que se passou com a TAP “foi muito feio”, lembrando que era manifesto que havia na altura uma “enorme divergência na sociedade portuguesa” sobre a solução encontrada pelo anterior Governo para a companhia aérea.
Mostrando-se otimista numa solução que seja razoável para a TAP e que “satisfaça os interesses de ambas as partes”, António Costa lembrou que o PS apresentou na altura ao Governo de Passos Coelho três propostas diferentes, “todas elas abertas ao consenso”, lamentando que a única resposta que os socialistas tivessem obtido foi “uma radicalização absurda”, colmatada com a assinatura de um contrato no dia imediatamente a seguir ao Executivo de direita “ter sido demitido pela Assembleia da República”.
Reagindo à questão enfatizada pelo anterior Governo de que a TAP precisava urgentemente de uma injeção de liquidez, o primeiro-ministro, não deixando de concordar, lembrou que “havia alternativas” à opção escolhida, lamentando que se tivesse seguido o caminho que mais penaliza o interesse nacional.
Lembrou, a propósito, que se podia ter decidido por um aumento de capital realizado em Bolsa, pela injeção de capital público com autorização da Comissão Europeia, ou mesmo, como realçou ainda, com uma “privatização parcial de 49% do capital”.
Alternativas que atestavam que havia outras soluções, e que só não foram colocadas em cima da mesa pelo anterior Governo, porque “não houve vontade política”, tendo-se optado antes pela única que, como era sabido, “tinha a oposição expressa da maioria da Assembleia da República”.
Contudo, na opinião do primeiro-ministro António Costa, é ainda possível ultrapassar esta conjuntura “num clima de diálogo”, garantindo que a TAP, com a reversão do negócio, passando a maioria do capital para mãos públicas, “estará sempre protegida” não só contra qualquer evento que ocorra na empresa, mas também que “não será afetada, por arrastamento, por acontecimentos que possam atingir as empresas que a venham a adquirir”.
Para António Costa a TAP é uma empresa “essencial para a nossa soberania nacional” tornando-se por isso vital, como defende, que a “maioria do seu capital seja público”.
Quanto aos eventuais custos que impenderão para os contribuintes com a reversão do negócio, o primeiro-ministro responde, questionando se os portugueses têm a noção exata de quanto dinheiro é que os privados já meteram na TAP ou “quanto dinheiro a companha já gerou para quem a comprou”.
O primeiro-ministro diz ter “boas razões” para com serenidade aguardar que o diálogo encetado possa resultar numa solução que agrade a ambas as partes, lembrando que o contrato “não está concluído” enquanto “não for autorizado por todas as entidades regulatórias”, como é o caso da ANAC – Autoridade Nacional da Aviação Civil, que ainda não deu o seu parecer definitivo, sendo que o objetivo do Governo, como realçou, é que o Estado mantenha 51% do capital.