O PS é um construtor de soluções
“É possível uma construção governativa sólida com o PS, mudando de políticas sem aventureirismo”, defendeu, lembrando ser de importância vital uma vitória socialista com maioria absoluta, porque, esclareceu, “seria um erro acrescentar instabilidade política à crise que Portugal vive”.
E apelou ao fim da lógica de que um Governo socialista é derrubável porque PCP e Bloco de Esquerda se juntam à “direita” para o derrubar, o que nunca sucedeu com executivos PSD/CDS.
Depois de reforçar a sua recusa em aceitar a conceção de “partidos do arco governativo” e de insistir em que não é possível mudar de políticas com as forças da coligação PSD e CDS, o líder socialista frisou que este é o tempo de os portugueses escolherem o Governo que querem, reiterando o objetivo do PS ter maioria absoluta nas próximas eleições, mas sem prescindir do diálogo político caso atinja essa meta.
Numa sessão de ‘live streaming’, a partir da sede nacional do PS, em Lisboa, o Secretário-geral do PS respondeu a um vasto conjunto de perguntas colocadas por dezenas de internautas durante uma hora e 45 minutos, incidindo sobre temas tão diversos como a dívida pública, o plafonamento dos descontos para a Segurança Social e sua sustentabilidade, a habitação, o desemprego em geral e o jovem em particular, o caso Novo Banco, a privatização da rede de transportes, o Serviço Nacional de Saúde, o ensino público, o crescimento económico, obras públicas, IRS, IRC, reformas do Estado e do sistema eleitoral e possíveis coligações, entre outros.
Sem pausas, António Costa esclareceu, um por um, um grande número de assuntos e deu respostas concretas às inquietações dos cidadãos.
Porém, muitas perguntas ficaram, ainda assim, pendentes. Mas, assegurou António Costa, “elas terão resposta, senão em tempo real, numa próxima sessão de ‘live streaming’, então por escrito”.
Na ocasião, o Secretário-geral do PS defendeu a reposição do pagamento do subsídio de Natal do sector público com o salário de novembro, ou seja, deixando de ser pago em duodécimos aos trabalhadores do sector público.
Sobre a venda do Novo Banco, o líder socialista disse esperar que as negociações decorram o melhor possível, responsabilizando o Governo de coligação e o governador do Banco de Portugal por criarem a ilusão de ausência de custos para os contribuintes.
Já no domínio das privatizações ou concessões a privados, o Secretário-geral do PS criticou também duramente a recente opção do Executivo PSD/CDS de proceder ao ajuste direto na escolha do concessionário dos transportes coletivos do Porto, sublinhando que “esta pressa nas privatizações dos transportes tem muito a ver com o desespero e a sensação de que o seu tempo de governação está por dias”.
40 questões respondidas em direto
Entre as mais de 230 perguntas colocadas a António Costa na sessão de ‘live streaming’, a Segurança Social e o emprego foram dois dos temas mais repetidos pelos internautas.
Na Segurança Social, o líder socialista procurou distinguir a sua proposta de manutenção do sistema público de uma “privatização” parcial do sistema, proposta pela direita.
Caso se avance para o chamado plafonamento de parte das contribuições, na ótica de António Costa, as consequências serão nefastas para a sustentabilidade da Segurança Social.
No plano do emprego, o líder do PS defendeu a absoluta necessidade de se colocarem mais jovens no mercado de trabalho, principalmente nas empresas, tendo em vista modernizá-las e, por essa via, melhorar a sua competitividade.
“Temos de fugir a uma espiral de morte económica, com uma mão-de-obra cada vez mais envelhecida e com uma população ativa cada vez mais pequena”, acrescentou.
Assumidamente contra a privatização do ensino, até porque a escola pública de qualidade é “um instrumento fundamental para o combate às desigualdades”, António Costa manifestou-se a favor da descentralização como “pedra angular da Reforma do Estado, e defendeu que as obras públicas devem deixar de ser um ponto de polémica e projetar-se sempre em articulação com os programas de financiamento comunitários.
A propósito da tragédia migratória que a Europa enfrenta atualmente, António Costa instou todos a aprendermos com o passado e a encarar o acolhimento de refugiados em Portugal como uma oportunidade e não como um problema.