“Estes meses de Governo da AD foram um autêntico apagão, um vazio de propostas e de políticas públicas para responder aos problemas das pessoas. Da educação à saúde, da cultura à ciência, da agricultura à coesão, da habitação aos desafios da economia, não há respostas do Governo”, criticou o líder do PS, no programa ‘Prime Time’.
José Luís Carneiro sustentou que o debate do Estado da Nação mostrou um Governo enredado em “manobras” com o Chega, que visam distrair os portugueses da “falta de respostas de políticas públicas” nas áreas que mais interessam à vida das pessoas.
“O primeiro-ministro limitou-se a apresentar medidas avulsas a pensar nas eleições autárquicas. Não teve uma palavra sobre uma estratégia de combate à pobreza, não apresentou uma visão para o país, para o desenvolvimento da economia”, apontou, tecendo críticas aos anúncios do executivo de Luís Montenegro em matéria de política fiscal e de ‘bónus’ aos pensionistas.
Referindo-se à proposta de um aumento suplementar das pensões, anunciado pelo primeiro-ministro, José Luís Carneiro disse tratar-se de um “instrumento eleitoralista” e “avulso”, que será, depois, retirado em janeiro.
“O PS está disponível para um aumento estruturado e permanente das pensões”, nomeadamente das mais baixas, mas não de “medidas extraordinárias de natureza eleitoralista”, garantiu, notando que o Governo passou também “completamente ao lado” no que respeita ao combate à pobreza e à desigualdade.
Sobre a redução do IRC, o líder socialista reiterou que o PS sempre foi a favor de uma diminuição do imposto, desde que “em benefício das políticas económicas, de incorporação tecnológica, de investimento e de valorização dos salários”, o que não é observado, alertando para as consequências da medida tal como é proposta pelo executivo.
“A redução proposta pelo Governo significa uma redução de receita 4.136 milhões de euros, dos quais apenas 2,5% vão para as pequenas e médias empresas. É uma medida injusta do ponto de vista da redistribuição dos recursos económicos do país, tem graves implicações a médio e longo prazo nas contas públicas e não contribui para a política económica”, explicou.
José Luís Carneiro vincou que o PS é um partido que se afirma de forma construtiva, nestas e em outras matérias de interesse do país, como na área da saúde, dando o exemplo da proposta de criação de uma unidade de coordenação para responder aos problemas graves nas emergências hospitalares.
“Nós criticámos o falhanço completo do Governo na área da saúde, mas estamos preocupados, em primeiro lugar, com a vida das pessoas. Fizemos uma proposta para salvar vidas”, disse.
Convergência entre AD e Chega não responde às preocupações das pessoas
Na entrevista, o Secretário-Geral do PS manifestou também, a propósito do alinhamento de posições entre a AD e o Chega, que há “uma estupefação nos democratas portugueses perante a alteração da política do ‘não é não’ para a política do ‘sim’ à extrema-direita.
“Quem rompeu com a convergência democrática”, em matéria de imigração, “foi a AD, entregando-se às ideias da extrema-direita”, observou.
Para o líder socialista, o Governo “tem falhado nos números e nos dados” sobre imigração e tem atuado, “com pouco rigor e irresponsabilidade”, na base de perceções.
“Colocar em causa o acordo de mobilidade é colocar em causa um posicionamento comum na área da política externa de Portugal. Milhares de cidadãos da CPLP e as empresas portuguesas estão hoje inquietos perante esta colagem da AD à extrema-direita”, advertiu.
Na ótica do Secretário-Geral do PS, esta alinhamento faz parte de “uma estratégia de pulverização do espaço público”, com temáticas “que não têm que ver com as preocupações das pessoas”.
“As grandes preocupações dos portugueses são a saúde, a habitação, os transportes, os rendimentos, os salários”, afirmou José Luís Carneiro, garantindo que na resposta a essas prioridades que estará focado o Partido Socialista.