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O PS dá lição de democracia

O PS dá lição de democracia

António Costa e o PS acabam de protagonizar um momento histórico na vida do País, ao terem recusado a guetização do PCP e do Bloco de Esquerda sugerida pelo Presidente da República quando, inesperadamente e num gesto a que António Costa chamou “atípico”, decidiu convidar Passos Coelho para iniciar contactos para formação do governo antes mesmo de ouvir os partidos representados no novo Parlamento.

Opinião de:

O PS dá lição de democracia

António Costa foi fiel ao seu discurso eleitoral e abriu uma nova fase na política portuguesa, dando um primeiro exemplo, diria uma lição, do que é e como deve funcionar uma democracia pluralista e europeia, àqueles que falam de diálogo e de consensos mas começam por decidir quem entra e quem não entra nesse diálogo. Ora, por muito que custe ao Presidente e à direita portuguesa, o chamado “arco da governação” foi posto em causa pela votação do passado dia 4. 

De facto, seja qual for o resultado dos contactos hoje iniciados do PS com o PCP e com o Bloco de Esquerda, as eleições do dia passado dia 4 criaram a possibilidade de um novo “arco de governação”, deslocando para a esquerda o centro desse “arco”. É certo que um novo “arco de governação” poderá ser ainda uma miragem ou apenas uma possibilidade que agora se abre mas que necessita de tempo para amadurecer e poder tornar-se efetiva. 

Desde logo, existem obstáculos até agora inultrapassáveis. Os dislates ditos contra o PS nesta campanha eleitoral e a permanente tentativa de colagem do PS à direita, feita ao longo dos anos pelo PCP e pelo Bloco, estão na memória e no subconsciente de muitos socialistas. Porém, trata-se agora sobretudo do trabalho difícil que seria (será) trazer o PCP e o Bloco para um diálogo que tem como enquadramento inultrapassável os constrangimentos impostos pelas políticas europeias.

É bom lembrar que também nos anos 90 o CDS era um partido anti- europeísta e hoje não se cansa de exibir um fervoroso europeísmo. E quanto a memórias, não são gratas as que o PS guardará dos ataques demagógicos que lhe foram feitos pelos líderes da coligação PSD-CDS durante esta campanha eleitoral. 

O PS saberá encontrar caminhos à esquerda e à direita norteado pelo interesse do País, sem excluir quem quer ser incluído mas sem se deixar capturar por quem quer ficar de fora. Como sempre tem acontecido em momentos difíceis da vida do País, o PS é uma vez mais chamado a assumir um papel mediador. António Costa com a experiência e o bom senso que todos lhe reconhecem saberá levá-lo a bom termo.