O POVO GOSTA DO PS
Creio, porém, que a afirmação sobre o líder do PSD foi mais de circunstância, querendo ser simpático com a sua família política, que o critica pelo apoio a António Costa. De qualquer forma, não deixa de ser grave, vinda donde vem. Só o povo, através do voto, pode abrir e fechar a porta aos Governos. O Presidente não pode nem deve substituir-se à vontade popular. A não ser que pense dissolver a Assembleia da República, usando a chamada bomba atómica, o que seria ainda bem mais gravoso. Demitir o Governo não pode, porque teria de provar que ameaça o regular funcionamento das instituições, o que é uma hipótese totalmente absurda. Nunca um Governo de esquerda do PS, composto por democratas convictos, daria esse argumento ao Presidente Marcelo.
Em caso de dissolução, saia-lhe o tiro pela culatra. Novas eleições, como disse na semana passada, deveriam confirmar o PS, provavelmente com maioria absoluta. A porta não ficaria aberta para Passos. Continuava fechada. No que à vontade popular concerne, as sondagens, divulgadas no fim-de-semana, são bem claras: a da Euroexpansão dá dez pontos de avanço ao PS sobre o PSD e a da Aximage dezasseis! O povo gosta do PS. Sabe que este não o rouba nem engana. Mas há mais razões, pelas quais a porta não está aberta para Passos, ao contrário do que diz Marcelo. O líder do PSD não deverá sobreviver ao teste das próximas autárquicas. Com a derrota mais que provável do seu partido, a liderança de Passos ficará em causa. Será um homem a abater. E a porta fechar-se-á para sempre. Acresce que os portugueses, razão suprema, não gostam dele, porque os roubou e enganou. A memória do povo não é assim tão curta como dizem.
O argumento de que Passos ganhou as legislativas não colhe. Levou até uma grande banhada – 62 contra 38! Só que a esquerda estava dividida. Hoje, felizmente, está unida. A grande maioria dos portugueses votou contra ele. Sejam ou não afirmações de circunstância, Marcelo tem de medir melhor as palavras e, sobretudo, falar menos. Antes de sair uma sondagem, dizendo que o seu principal defeito é falar demasiado, já eu tinha criticado a excessiva exposição mediática, que desequilibra a função presidencial. Maior contenção verbal, até para não cair em contradições, seria, sem dúvida, recomendável. E não adianta dizer que é o seu estilo, porque este pode ser corrigido, para mais se tal se justifica. Quando aprecio o desempenho de Marcelo em Belém, tenho o cuidado de ressalvar que a apreciação é válida até agora. Oxalá Marcelo e o futuro me deixem ser mais categórico. Seria bom sinal para o país.