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O PAPA FRANCISCO

O PAPA FRANCISCO

O Papa Francisco, o melhor de sempre, esteve em Fátima, mas, verdade se diga, muito à frente da nossa Igreja. A diferença entre ele e D. Manuel Clemente, o cardeal-patriarca, é de progressista para conservador. Ao contrário da Igreja portuguesa, soube adaptar-se à evolução dos tempos.

Opinião de:

O PAPA FRANCISCO

O aggiornamento ficou-se pelo Vaticano, não chegou a Portugal. Pode ser que tenha vindo, agora, com o Sumo Pontífice.  Além de preferir um ateu a um católico hipócrita, o Papa Francisco chegou mesmo a dizer que um cristão, nos tempos de hoje, deve ser revolucionário! Cremos, porém, que a dicotomia entre o Cristianismo e o humanismo ateu é uma falsa questão. Quem é bom cristão é necessariamente humano, quem é humano, mesmo que não seja cristão, está imbuído do espirito do Evangelho. O Papa Francisco é uma das maiores figuras da historia contemporânea. Portugal recebeu-o com todas as honras. António Costa, que não é crente, participou em todas as cerimónias. A dimensão deste Papa extravasa o mundo católico.  

O próprio Mário Soares, que se intitulava socialista, republicano e laico, mas que presidiu à Comissão de Liberdade Religiosa, tinha uma grande admiração por ele. Costumava citar, nos seus escritos, as posições corajosas do Papa Francisco, designadamente contra a austeridade. Soares dizia que o Sumo Pontifícia e o Presidente Obama eram as duas personalidades de maior relevo da cena mundial. Dizem que Francisco é um Papa de esquerda. Mais importante, ainda, parece-me o desassombro com que fala e transmite as suas ideias. Ainda recentemente, teve ocasião de dizer que quem tira trabalho ao homem, ou seja, quem despede comete um pecado gravíssimo. Estas suas afirmações enquadram-se, perfeitamente, no espírito do Evangelho – todo o trabalho tem que ter recompensa. O salário justo é uma bandeira da Igreja. Já em Fátima, quando nos visitou, disse: olhemos para Maria como uma força revolucionária de ternura e carinho. Francisco igual a si próprio e bem melhor que os seus antecessores.

Um milhão de fiéis aguardavam-no. Um mar de gente, fazendo jus ao epíteto de Papa do povo. Apresentou-se como peregrino, realçando uma das suas principais virtudes – a humildade. Para ele, Fátima é um manto de luz. Procurou refrear a pedinchice. As suas palavras foram claras: não façam de Nossa Senhora uma ”santinha”, a quem se pedem favores de baixo custo. A modernidade deste Papa emergiu no seu discurso. A rejeição do fanatismo religioso foi, também, evidente. Mas a sua fé é enorme e saiu reforçada de Fatima. Nenhuma palavra ateísta, por parte do PS, e dos partidos à sua esquerda, se fez ouvir durante a visita. O anticlericalismo seria repudiado. Todos sabemos, crentes e não crentes, que Francisco foi uma lufada de ar fresco na Igreja Católica. Oxalá se mantenha à frente do Vaticano, por muitos e bons anos. A nossa Igreja deveria, agora, renovar-se. A vinda do Papa abriu-lhe essa porta.