O país percebeu que PSD e CDS vão diminuir as pensões
Um Governo que manifesta esta insistência em retirar dinheiro aos idosos e pensionistas, defendeu o presidente do PS, é um Governo que revela ”já lhe restar muito pouco em humanismo e racionalidade social”.
Repudiando a reabertura de uma guerra geracional na sociedade portuguesa, Carlos César sublinha haver, da parte do Governo PSD/CDS, “um determinismo no mau trato dos pensionistas e uma espécie de tentativa de expatriação dos idosos, como se os idosos fossem os antijovens e não aqueles que nas famílias estão justamente a apoiar os jovens”.
Lembra ainda que os idosos têm sido atingidos, como a generalidade dos portugueses, pelas medidas que têm empobrecido a sociedade portuguesa, lamentando, por outro lado, que o Governo não dedique “uma atenção especial aos jovens”, apoiando-os no emprego, na educação, na habitação e nos apoios à natalidade. O que devia ser, quando se discute a sustentabilidade da Segurança Social, “uma prioridade nacional e matéria de efetivo consenso”.
Carlos César defendeu que a sustentabilidade do sistema de Segurança Social é uma matéria essencial que o PS não descura nem descurará, tal como não descurou no passado, tendo recordado a reforma realizada por um Governo socialista e que foi reconhecidamente elogiada. E que foi também o PS a colocar na agenda do debate sobre esta matéria a necessidade da diversificação das fontes de financiamento, de mais economia e emprego, de estancar a emigração e apoiar a natalidade.
E deixa um desafio à coligação, em véspera da apresentação das linhas do seu programa eleitoral: “que explicasse como vai tirar 600 milhões aos pensionistas e reformados, para que os portugueses possam optar com consciência e melhor informação”.
Recondução de Carlos Costa é oportunidade perdida para fechar um ciclo
Sobre o processo de recondução do governador do Banco de Portugal (BdP), o presidente do PS lamenta que este aconteça a pouco mais de quatro meses das próximas eleições, para um mandato que se prolongará para lá da próxima legislatura, quebrando-se “ uma praxe de consenso e acordo prévio”.
Carlos César considera que esta nomeação surge como “uma espécie de pagamento que Governo e Presidente da República fazem de encobrimento das afirmações sucessivas e da falta de zelo e negligência com que as instituições públicas seguiram o que se passou no sistema financeiro e no GES em particular”. Lembra que Cavaco Silva “estimulou os portugueses em operações de risco e capitalização do BES”, sendo também responsável pelo que aconteceu. “Eles pagam-se muito bem uns aos outros, é uma tradição muito forte na direita portuguesa”, assinalou, com ironia.
Defendendo ter sido perdida uma “ótima oportunidade para fechar um ciclo no BdP e introduzir novos factores de confiança no sistema financeiro”, o presidente socialista deixou ainda uma farpa ao seletivo chamamento ao consenso pela maioria de direita. Enquanto que para nomear um governador ou para privatizar uma empresa fundamental de transporte aéreo “não há problema nenhum em fazê-lo em vésperas de eleições e sem consenso”, já “para tirar pensões aos portugueses – porque isso vai tirar votos ao PSD e ao CDS – já querem o PS como companhia”. Uma hipocrisia que Carlos César rejeita. “Não estamos aqui para isso”, conclui.