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O país está a levantar-se pela mudança

O país está a levantar-se pela mudança

Querem criar a ilusão de que a coligação de direita vai ganhar as eleições, mas o que ouço nas ruas todos os dias são pessoas a pedir-me para a derrotar, afirmou ontem António Costa. Num grande comício realizado na FIL, em Lisboa, o líder socialista sublinhou estar a verificar-se um levantamento no país para levar o PS à vitória.

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O país está a levantar-se pela mudança

Na sua intervenção, o Secretário-geral do PS defendeu que é tempo de Portugal ter um Governo “que abra um novo ciclo de esperança”, que seja capaz de unir os portugueses, de os mobilizar e que inspire confiança aos cidadãos”, garantindo que a coligação de direita “está esgotada” e já não é capaz de dizer nada sobre o futuro.

“Gosto desta minha maneira de fazer política”

Perante uma plateia com milhares de militantes e simpatizantes, António Costa defendeu que os portugueses têm o direito de exigir a quem se candidata a primeiro-ministro que diga com clareza ao que vai, e não como a coligação PSD/CDS que não propõe nada para o futuro nem apresenta contas de nada.

O Secretário-geral do PS admitiu estar a seguir nesta campanha eleitoral, porventura, o caminho mais difícil, ao contrário da coligação de direita PSD/CDS que “passa de mansinho”, escondendo o seu programa, não propondo nada para o futuro nem apresentando contas.

Considerou “extraordinárias” as críticas que tem ouvido por gastar tempo a discutir números e a propor alternativas sustentadas em estudos sérios às políticas da coligação, quando o habitual, dizem, é fazerem-se campanhas a “distribuir promessas” que, na maior parte das vezes, “não são depois cumpridas”.

“Este não é o meu caminho e estão muito enganados se pensam que vou mudar de estilo, porque eu gosto desta minha maneira de fazer política”, disse ainda António Costa sendo muito aplaudido pela assistência.

Depois de reconhecer que existe uma crise de confiança na sociedade portuguesa em relação à classe política, António Costa invocou a este propósito a sua experiência como presidente da Câmara Municipal de Lisboa, entre 2007 e 2015, lembrando o aumento exponencial de votos que foi obtendo de eleição para eleição, recordando ter feito sempre mais obra de mandato para mandato do que tinha prometido.

Para o Secretário-geral do PS o que está em jogo nas eleições do próximo domingo são os “pilares básicos do futuro coletivo do país”, defendendo que a confiança que os portugueses têm de ter em relação aos políticos, passa em grande medida pelo inverso do que fez a ministra de Estado e das Finanças, Maria Luísa Albuquerque, quando obrigou, em 2012, a Parvalorem a “martelar” as contas do BPN “para disfarçar o défice de um ano”.

António Costa sustentou que agora é tempo de “unir os portugueses”, após quatro anos de um Governo que “dividiu tudo e todos”, que pôs cidadãos comuns contra funcionários públicos, empregados contra desempregados, jovens contra pensionistas, “como se a função pública fosse o princípio e o fim de todos os males” que afligem o país.

Portugal não está condenado à fatalidade

Figura de destaque do comício de ontem em Lisboa foi também a do histórico socialista Manuel Alegre, que defendeu que António Costa e o programa do PS mostram que, “mesmo sem violar as regras e sem entrar em aventuras perigosas”, é possível fazer diferente e melhor, garantindo não haver um só caminho.

Sustentou que Portugal “não está condenado à fatalidade” acusando o Governo PSD/CDS de ter pautado a sua atuação ao longo da legislatura por uma “colossal manipulação e pela batota”.

Para o ex-candidato presidencial, o PS não está nesta campanha eleitoral apenas a lutar contra a coligação de direita, mas contra “poderosíssimos interesses económicos, financeiros e mediáticos que estão por detrás deles”, lembrando que o PS “não tem bancos, nem jornais, nem televisões, nem empresas de sondagem”, mas tem “história e valores” e um “grande líder” que hoje é o “garante de uma mudança com segurança e confiança”.

Para Manuel Alegre os ataques a António Costa “são ataques a todos nós e a todos os socialistas”, apelando aos que “amam a democracia, o Estado Social e o espírito do 25 de Abril” para não desperdiçarem votos, justificando que só o PS “está em condições de restabelecer a confiança entre todas as forças sociais e políticas”, lamentando que haja setores à esquerda “mais apostados em atacar o PS do que a direita”.

“Não estamos neste combate para derrotar os outros partidos de esquerda”, disse mais à frente Manuel Alegre, “mas para derrotar a direita”, garantindo já não ter ilusões de que “para alguns o PS é mesmo o inimigo principal”.

Quanto a Passos Coelho e a Paulo Portas, Alegre disse que são políticos sem credibilidade, que “já não têm emenda” e que há muito que não oferecem segurança ao país, representando hoje o expoente da “incerteza nas famílias e nas empresas”, a “instabilidade e a insensibilidade social”.

Para Manuel Alegre está na hora de dizer ao país que o PS “não tem medo, não cede à chantagem nem às sondagens e que não se vende”, apelando à luta e à união de todos por “uma vitória do PS”.

Verdadeira sondagem está aqui

Muito aplaudida foi também a intervenção do ex-dirigente do CDS e atual presidente da Câmara Municipal de Sintra, eleito nas listas do Partido Socialista, Basílio Horta que, a propósito do anúncio de António Costa que já garantiu não viabilizar o Orçamento do Estado da coligação, caso a direita viesse a ganhar as eleições, perguntou se “preferiam que o líder do PS mentisse e fosse hipócrita” caso PSD e CDS aparecessem no Parlamento com um orçamento que “é a cara desta política que afundou Portugal?”.

Basílio Horta acusou depois a coligação de estar a “pôr medo nas pessoas”, quando alega que o PS pretende abrir a porta da governação a entendimentos à sua esquerda, como se o PS “não tivesse o direito de falar à sua direita ou à sua esquerda”.

“Em 1975, quando foi necessário defender a liberdade, foi Mário Soares, Manuel Alegre e Salgado Zenha. Não nos venham meter medo com totalitarismos de esquerda, porque o PS é o primeiro e último garante da liberdade em Portugal”, sustentou.

Basílio Horta fez ainda uma referência à forte e crescente mobilização popular para uma vitória do PS, como disso foi exemplo este grande comício em Lisboa.

“A verdadeira sondagem está aqui e não nos jornais”, afirmou.

Fizeram o contrário do que prometeram

A ironia foi a receita utilizada pelo dirigente socialista Marcos Perestrello, quando elogiou a capacidade de “disfarce” da coligação PDS/CDS, acusando- a de estar a fazer uma campanha eleitoral como se “nada se tivesse passado desde 2011”.

Marcos Perestrello afirmou depois que a ainda maioria de direita foi “utilizada para fazer o contrário do que prometera em 2011”, sendo “extraordinário” que se apresentem nestas eleições propondo “repetir a mesma receita”.