O país espera que PSD e CDS regressem à realidade nacional
Na abertura das jornadas parlamentares, Carlos César acusou o anterior Governo PSD/ CDS de tudo ter feito nos últimos quatro anos para asfixiar o Tribunal Constitucional, revelando uma notável ausência de “cultura democrática”. Ao contrário, realçou o líder parlamentar socialista, o Governo do PS não quer, “como nunca quis”, controlar qualquer instituição.
Nem o PS nem o Governo querem controlar o Banco de Portugal, como não querem nem nunca quiseram controlar qualquer instituição cuja independência deva ser preservada, garantiu Carlos César, na abertura das jornadas parlamentares do PS, que decorreram sexta e sábado, em Vila Real.
Para o líder parlamentar socialista o que já não é normal nem natural, “nem próprio de um Estado de direito” é revelar falta de cultura democrática tentando “asfixiar e afrontar” o Tribunal Constitucional como o fizeram PSD e CDS na anterior legislatura.
Já é tempo, defendeu Carlos César, de “falarmos mais e melhor uns com os outros”, porque o país e os portugueses precisam que o PSD regresse à realidade política nacional, “sem o despeito, a pressão e o azedume em que está mergulhado desde que perdeu o seu lugar no Governo”.
Fazendo questão de salientar que a situação do país “não é fácil”, muito por força dos resultados “negativos da governação do anterior Governo de direita”, e da atual situação europeia que “suscita as maiores preocupações”, ainda mais, como realçou, “quando associada a uma desaceleração da economia mundial”, Carlos César lembrou que a emergência destes “condicionamentos múltiplos”, justificam plenamente a abordagem política, económica e financeira que o PS apresenta na proposta do Orçamento do Estado (OE) para 2016.
Reconhecendo que o OE proposto, “se é menos audacioso do que o que desejávamos”, ele é bem melhor, defendeu, do que seria o Orçamento do Estado “prometido e reverenciado a Bruxelas pelo anterior Governo”, o líder parlamentar socialista disse contudo não ter dúvidas de que o avanço, registado neste OE proposto pelo PS, vai permitir uma nova orientação na política económica e fiscal, combinando medidas que “melhoram os rendimentos líquidos das famílias, estimulam o pequeno consumo, ajudam a capitalizar as empresas e aumentar os estímulos ao investimento”.
Perante isto, ironizou, não deixa de ser curioso ouvir críticas dos mesmos que, por um lado, alegam que os apoios sociais anunciados, “ora pela sua aludida insignificância ora pela sua despesa”, põem em causa o objetivo de alcançar as metas, mas que ao mesmo tempo fazem questão de anunciar que este OE vai “aumentar brutalmente a receita fiscal”.
“Tanto lhes vale uma coisa como o seu contrário”, criticou o presidente do PS, se isso “os ajudar a desacreditar o Governo português”, ou mesmo “como agora parece moda na gíria política e parlamentar do PSD”, se isso “os ajudar a injuriar os socialistas, os governantes e os apoiantes do Governo”.
O que se passa, defendeu, é que o PSD não consegue “esfriar” o seu despeito e a “sua incontinência verbal”, por ter deixado o Governo, recorrendo a “todos os insultos disponíveis” para atacar o primeiro-ministro e o PS, “enraivecidos” por finalmente tomarem consciência de que a única herança política de curta duração é a que deixaram ao país.
Uma herança trágica
Referindo-se ao legado de quatro anos deixado pela coligação PSD/CDS, o líder parlamentar socialista lembrou que no plano económico as políticas da direita contribuíram de forma ativa para o “desaparecimento de milhares de pequenas e médias empresas”, que no plano social a herança é um “saldo migratório negativo e a perda de cerca de 240 mil empregos no país”, enquanto no plano das finanças públicas e do sector financeiro, o que se verificou, disse ainda Carlos César, foi um aumento da dívida pública para “um nível brutal” e de perdas e encargos para os contribuintes portugueses das “incúrias e negligências” no sector bancário que “esconderam sempre e enquanto puderam”.