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O país do primeiro-ministro é uma miragem

O país do primeiro-ministro é uma miragem

O líder parlamentar do PS confrontou ontem o primeiro-ministro com a subida do desemprego a ultrapassar a barreira dos 14%, considerando que o país de que fala Passos Coelho “é uma miragem”.

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O país do primeiro-ministro é uma miragem

Na abertura do debate quinzenal, na Assembleia da República, Ferro Rodrigues começou por lembrar as “mentiras de 1 de abril” do primeiro-ministro, quando na campanha para as eleições legislativas de 2011, em resposta à pergunta de uma criança, afirmou que nunca cortaria salários e pensões.

“Passos Coelho disse então: ‘Nunca discutimos isso, isso é um disparate’. Bom, só não aconteceu isso e muito mais porque o Tribunal Constitucional não deixou”, lembrou o líder parlamentar do PS.

Ferro Rodrigues confrontou depois o chefe do Governo com os mais recentes dados do desemprego divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), sublinhando que o emprego recuou “20 anos em Portugal” e o desemprego estrutural “é uma ameaça” para o país a médio e longo prazo.

“Não vê que o desemprego estrutural está aí?”, questionou Ferro Rodrigues, considerando que “a recuperação de que o senhor primeiro-ministro fala é uma miragem”.

O líder da bancada do PS confrontou ainda o primeiro-ministro com o facto de 2014 ter sido também “um ano recorde na dívida publica e no aumento da carga fiscal”.

Citando ainda as previsões mais recentes da OCDE sobre a revisão em baixa das previsões do investimento, Ferro Rodrigues considerou que “a crise do investimento é gravíssima”, questionando o primeiro-ministro se “não o preocupa a crise estrutural do investimento em Portugal”.

Desresponsabilização e passa-culpas

No debate, o líder da bancada socialista invocou ainda “o exemplo” do ex-ministro Miguel Macedo para criticar a “sonsice política” do Governo em relação à lista de contribuintes VIP.

Ferro Rodrigues considerou ainda ser “absolutamente extraordinário” o facto de “toda a gente menos o Governo” conhecer a existência dessa lista VIP.

“Nunca se viu tanta desresponsabilização, tanta política de passa-culpas como neste tema. O que se passou com a ministra das Finanças e com o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais ultrapassou todos os limites”, acrescentou.

QUANDO A REALIDADE INSISTE EM DESMENTIR A MIRAGEM

A taxa de desemprego subiu em fevereiro, pelo 3º mês consecutivo, atingindo 14,1%. São 720 mil portugueses desempregados, mais 12 mil que em janeiro.

O desemprego jovem subiu para 35%. São 133 mil jovens desempregados, mais cerca de 4 mil que no mês anterior.

Entre desempregados, “ocupados” em programas de emprego e formação (falsos empregados, que assim não entram nas estatísticas) e “inativos disponíveis” (que também não contam para o registo estatístico de desemprego), estaremos a falar de um universo superior a um milhão e cem mil portugueses. Ou seja, de uma taxa de desemprego real acima dos 20%.

Fontes: INE e IEFP