O Orçamento – Opinião 2017
Nesse momento ficou claro que ninguém está refém de ninguém, mas que os partidos de esquerda são essenciais para esta solução de governo do país. Talvez seja sempre importante medir as palavras quando as escrevemos.
Mas o encerramento afirmou uma leitura do Governo muito interessante. Desde logo o facto de ter sido o Secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares a fazer a única intervenção importante. Nela, Pedro Nuno Santos consagra o que se fez e o que se quer fazer.
A ideia central do discurso, que retive por não ser habitual no debate, e incrementadora do discurso do PS destes dois anos, é a das reformas. Pedro Nuno Santos, quando as reclama diferentes das reivindicadas pelo PSD e pelo CDS, não as nega, não as elimina. Antes pelo contrário, sabendo que no discurso político também se afirmam as ideias pela negação das dos outros, Pedro Nuno inscreve a ambição de ganhar essas reformas para a segunda parte do mandato.
O PS, com este terceiro orçamento, sabe que se deve ir mais longe na eliminação dos bloqueios impostos pela crise. António Costa já ontem o afirmou – o país precisa de se pôr de acordo quanto ao universo das grandes obras públicas. Mas também sabe que não pode estacionar na adequação do contexto político e económico que consagre o caminho para uma meta de 50% das exportações no PIB em 2025. E também sabe que a formação profissional e a resposta à exigência de mão de obra não podem deixar de obrigar a uma outra leitura do sistema de ensino, do universo da certificação de competências vocacionada e do ensino superior e da ciência.
O PS, com este terceiro orçamento, sabe que há dinheiro pronto para entrar na economia, que há projetos que aguardam uma boa leitura do cenário político. E também sabe que o tipo de governação para a contingência deve dar lugar à governação do atrevimento e do arrojo.
O orçamento abre-nos uma nova página e um novo tempo.