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O Metropolitano e a mobilidade da Área Metropolitana

O Metropolitano e a mobilidade da Área Metropolitana

No Congresso da FAUL realizado recentemente em Sintra, e que marcou a eleição do Duarte Cordeiro como novo Presidente da estrutura federativa, a moção global de estratégia submetida à aprovação dos delegados frisava, entre outros aspetos, a mobilidade como uma questão decisiva para a qualidade vida futura das populações. Para além de se centrar na aposta em meios de transporte ambientalmente sustentáveis, que ajudem à descarbonização, o debate realizado clamou pela gestão também ela metropolitana da política de transportes.

Opinião de:

O Metropolitano e a mobilidade da Área Metropolitana

Estando precisamente em curso uma discussão sobre a futura expansão da rede do Metropolitano, estamos, pois, perante um um momento único para abraçarmos a oportunidade de contribuir decisivamente para uma perspetiva de evolução equilibrada para toda área metropolitana. Queremos dar prioridade à redução do número de automóveis que fazem diariamente o movimento pendular em direção ao centro da cidade e queremos incentivar o metro como solução rápida e confortável, pelo que o impacto das alterações ao modelo de exploração deve ser bem ponderada e assentar numa reflexão participada e abrangente.
O objetivo anunciado de criação de uma linha circular, integrando a atual linha verde e uma parcela substancial da atual linha amarela, com vista a diminuir os tempos de espera e alargar a capacidade operacional, é uma solução bem-vinda, desde que não prejudique, de forma reflexa, outros traços da rede. No entanto, no quadro dos debates sobre o tema, promovidos pela Ordem dos Engenheiros ou pela Assembleia Municipal de Lisboa, tem sido vincado que esta poderá não ser uma solução consensual, técnica ou politicamente, pelo que um aprofundamento dos argumentos em sua sustentação seria bem-vindo pela confiança que trariam ao processo.
Adicionalmente, esta opção coloca uma questão sobre o perfil e o papel da Linha Amarela no acesso da população residente na orla norte do concelho de Lisboa e do concelho de Odivelas ao centro da cidade. As estações a norte do Campo Grande registaram em 2017 mais de 18 milhões de entradas e saídas, um número com grande escala e bem revelador do papel dissuasor do recurso à solução automóvel para aceder ao centro. É, pois, fundamental assegurar que a introdução da linha circular não prejudica esta realidade.
A convivência da futura linha circular com a Linha Amarela na sua extensão atual, de Odivelas até ao Rato, ofereceria uma combinação adequada para a exploração da rede do Metropolitano, similar ao que encontramos em muitas cidades europeias, em que as linhas circulares convivem em parte do seu percurso com outras que servem zonas limítrofes. No plano da gestão das horas de ponta, em particular, é uma solução chave para o sucesso que este meio de transporte tem revelado ao longo dos anos.
Adicionalmente, o prolongamento da Linha Vermelha até ao Campo Grande traz ainda outras vantagens estratégicas: trata-se de um investimento já parcialmente realizado, atenta a extensão do túnel já existente, permitiria colocar a uma estação de distância do Aeroporto um dos principais interfaces da cidade e abriria caminho para o seu prolongamento para ocidente, passando por Telheiras, assegurando uma ligação à linha azul na Pontinha, desta forma oferecendo uma resposta que muito ajudaria ao descongestionamento da Segunda Circular.
Estas são apenas algumas breves notas sobre como este caminho se afigura como tendo um claro potencial para servir a mobilidade da cidade e da área metropolitana. Há, pois, que aprofundar e alargar o debate necessário à sua realização.