O Governo e a troica deram-nos cabo da Saúde
Com a coligação de direita e a chegada da troica a Portugal, em 2011, com os cortes no Orçamento de Estado e nas famílias, muito mudou na saúde dos portugueses. Esta alteração profunda na qualidade dos serviços de saúde prestados aos cidadãos, levou mais gente a abandonar tratamentos, a não continuar com terapêuticas, a faltar às consultas e a pedirem aos médicos para não lhes receitarem todos os medicamentos de que necessitavam por dificuldades financeiras. Estas as principais conclusões de um estudo sobre o impacto da austeridade na saúde encomendado ao ISCTE pela Ordem dos Médicos.
Neste estudo são ainda registadas numerosas queixas de clínicos que, depois de garantirem que o SNS “não aguenta mais cortes”, lamentam as pressões de que têm sido alvo para gastarem menos tempo e menos recursos com os pacientes, havendo cada vez mais portugueses a deixarem de ir ao médico, faltando às consultas, e quando vão pedem para não lhes receitar medicamentos, ou pelo menos que sejam os mais baratos.
A propósito deste estudo, e em declarações à SIC/Notícias, José Manuel Silva, Bastonário da Ordem dos Médicos afirmou que o que está a falhar “é a recorrente falta de financiamento na saúde”, recordando que Portugal, segundo os últimos dados, “só gasta em despesa pública com a saúde” 5,9% do PIB, enquanto a média dos restantes países da OCDE se situa nos 6,7%.
É nesta diferença diz, que se encontram as consequências da falta de capacidade de resposta do SNS, “como foi evidente neste último inverno com a crise nas urgências”.
Segundo o estudo esta realidade estende-se igualmente ao sector privado, que tem vindo igualmente a baixar a qualidade dos seus serviços, mas onde os doentes, como salienta, neste estudo, um clínico de uma unidade pública, “têm sempre a hipótese de recorrer ao SNS” colocando o problema quando são os próprios doentes do setor público a não terem acesso, por dificuldades financeiras, aos meios complementares de diagnóstico e terapia e aos medicamentos.