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“O amigo generoso de todas as horas não morreu”

“O amigo generoso de todas as horas não morreu”

“No dia em que nos despedimos de António de Almeida Santos, só ocorre dizer que não morreu”, declarou, visivelmente emocionado, o deputado Jorge Lacão que, no Parlamento, deu voz ao sentimento de pesar do Partido Socialista no adeus ao seu presidente honorário.

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“O amigo generoso de todas as horas não morreu”

“Não morrem as pessoas cuja grandeza de vida vivida as coloca acima do seu tempo ou para além do seu tempo. Aquelas pessoas que podendo ter desempenhado os mais altos cargos na vida pública, o fizeram dando-lhes sempre muito mais do que deles alguma vez receberam. Aquelas pessoas, como Almeida Santos, que mesmo na ausência deixam a marca da sua constante presença no coração dos homens e das mulheres com que se relacionaram”, afirmou Lacão, destacando as diferentes facetas da vida de António de Almeida Santos.

Depois de sublinhar que como presidente da Assembleia da República, Almeida Santos merece naquela casa “um lugar de panteão”, Lacão declarou que o antigo presidente do Parlamento Nacional será sempre lembrado como um grande patriota e uma das maiores figuras da nossa República democrática

E recordou que “por amor” a Portugal, António Almeida Santos combateu, a partir de Moçambique, como advogado e cidadão, pela causa da liberdade contra a ditadura, pela causa dos direitos humanos e em defesa dos presos políticos.

“Por amor ao seu país, empenhou-se, após o 25 de Abril de 1974, em alcançar condições dignas para a descolonização, cujos caminhos de concretização nem sempre foram os seus”, referiu Jorge Lacão, lembrando igualmente que Almeida Santos “deu ao Partido Socialista, até ao fim dos seus dias, o melhor da sua generosidade”, pelo que “o presidente honorário de todos os socialistas perdurará, para sempre, como um exemplo de dedicação às causas da igualdade, da justiça e do progresso”.

Mas foi também por amor ao seu país, que o “homem de reflexão” deixou páginas, muitas páginas do mais fino recorte literário, e tantas delas de meditação profunda e exigente sobre os caminhos do mundo.

“E é por causa do amor ao seu país, que o estadista Almeida Santos e o amigo generoso de todas as horas não morreu”, concluiu Jorge Lacão, apontando que António Almeida Santos “perdurará como o que sempre foi: um português de lei”.

Emoção e luto no hemiciclo de São Bento

Depois de intervenções emocionadas proferidas por todos os grupos parlamentares, a Assembleia da República cumpriu um minuto de silêncio pela morte do seu antigo presidente António de Almeida Santos.

Os deputados aprovaram por unanimidade um voto de pesar, perante a família de Almeida Santos presente nas galerias, nomeadamente a sua filha, a também deputada socialista Maria Antónia de Almeida Santos.

Comovido, o atual presidente da Assembleia, Eduardo Ferro Rodrigues, leu de pé o voto de pesar em que se descreve Almeida Santos como um “democrata exemplar, avultando tanto pelas suas qualidades intelectuais – era de uma inteligência viva –, como pelas suas qualidades humanas”.

Pelo Governo, o secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Pedro Nuno Santos, lembrou o “arquiteto da democracia”, possuidor de um “coração gigante” e “um dos maiores e melhores socialistas portugueses”.