Nunca a prioridade à prevenção assumiu a atual dimensão
O ministro da Administração Interna participou ontem na Assembleia da República num debate sobre o relatório da comissão técnica independente para análise dos incêndios de 14 e de 16 de outubro no Centro do país, tendo na ocasião anunciado um conjunto de iniciativa que o Governo vai dinamizar para fazer frente à próxima época de incêndios, designadamente, “profissionalizando alguns corpos de bombeiros voluntários”, com especial incidência, como referiu, em todas as áreas de intervenção de risco prioritário”.
Segundo o governante, das 240 novas viaturas que o Governo vai adquirir por ajuste direto, 140 vão para o Grupo de Intervenção de Proteção e Socorro (GIPS), 80 destinam-se aos corpos de bombeiros e as restantes 20 viaturas serão encaminhadas para a Força Especial de Bombeiros (FEB).
Em relação às cooperações de bombeiros voluntários, e segundo o ministro da Administração Interna, a novidade é que vão passar a ter a companhia de oito dezenas de equipas profissionais, ou seja, como salientou, “mais cerca de 400 elementos com estatuto profissional”.
A par desta novidade, Eduardo Cabrita anunciou ainda que vão ser colocados “adjuntos de comando” em toda a estrutura de comando, com o objetivo de “reforçar a coordenação na ligação entre a Autoridade Nacional de Proteção Civil e os bombeiros”.
Reforço de meios técnicos e humanos
O ministro da Administração Interna anunciou ainda que o Governo, para além do reforço em meios técnicos e humanos com que vai dotar, quer o Grupo de Intervenção de Proteção e Socorro (GIPS), quer o Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente, da GNR, quer ainda os sapadores e os guardas florestais, vai ainda disponibilizar novos meios e “mais adequados” de apoio técnico à Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC), tendo ocorrido neste último organismo, como asseverou, uma “substituição da sua estrutura de topo”.
Estas são algumas das medidas que na perspetiva do Governo, segundo Eduardo Cabrita, vão permitir criar “maior estabilidade” nas respostas que serão dadas no terreno, já na próxima época de incêndios, assim como também a nova lei orgânica da Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC), vai permitir que se “estabeleçam regras do concurso e de profissionalização na escolha de quadros”.
Quanto aos relatórios elaborados pela comissão técnica independente, sobre os incêndios florestais de 2017, o ministro, Eduardo Cabrita garantiu que o Governo, para além de “assumir todas as responsabilidades” que lhe cabem, não deixará igualmente de “valorizar a dimensão quer da análise efetuada, quer das propostas feitas” pela referida comissão, manifestando o desejo de que esta nova atitude assumida pelo Governo, designadamente também em matéria de planeamento, combate, prevenção e respostas aos desafios estruturais, possa ajudar de forma significativa a que não se repita, este ano, o cenário do verão passado nas florestas nacionais.
Mudar de paradigma
Garantindo que “tudo está a ser feito para que não se volte a repetir o que aconteceu em 2017”, o ministro Eduardo Cabrita, depois de relembrar que os incêndios de outubro na região Centro do país foram considerados os “piores da Europa do sul do ano passado”, nomeadamente, como acentuou, por terem decorrido “em condições meteorológicas extremas”, o que “limitou a atuação dos meios aéreos e terrestres”, adiantou que todo este trabalho que o Governo tem vindo a desenvolver, quer em matéria de planeamento, quer no que respeita a encontrar respostas aos desafios estruturais, foi uma tarefa que começo a ser feita “intensamente desde o conselho de ministros extraordinário de 21 de outubro”, defendendo que “nunca a prioridade à prevenção tinha assumido esta dimensão”.