Nós pecadores do Sul nos confessamos
(…) nós pecadores do Sul nos confessamos
amamos a terra o vinho o sol e o mar
amamos o amor e não pedimos desculpa.
Excerto do poema «Resgate» de Manuel Alegre.
São tempos de mudança os que vivemos. São sopros de vento que despenteiam ideias feitas e fios de contas e mais contas para pagar. São Portugal e Espanha quase de mãos dadas, porque já se anuncia à la portuguesa a solução governativa do país vizinho e quase irmão.
É possível viver sem nuvens plúmbeas, é possível lograr justiça, igualdade e fraternidade, fundadas e fortalecidas em mais Escola e em mais Cultura. A “vertigem austeritária” quase nos fez acreditar que vivíamos num mundo de sonhos acima das nossas possibilidades, quando, ao fim e ao cabo, se perceciona que quem deveria saber mais de contas mais parece desconhecer os números – penso no FMI e nos responsáveis pelo descalabro do Banif, por exemplo.
Foi-se além da troika, foi-se além do ponto de resistência dos nossos concidadãos, em muitos casos. Que aguentávamos, que estávamos a ser piegas, mas em verdade, o país não melhorou, a nossa sobrevivência foi vilmente atacada, fomos insultados na nossa dignidade e inteligência.
Afortunadamente, ventos novos sopram, fazendo esquecer os tenebrosos Noto, Austro, Bóreas, Áquilo, que pareciam querer arruinar a máquina do Mundo.
Resgatemos a esperança e, no mínimo, peçamos o restabelecimento da normalidade.