No país de abril quem escolhe os governos é o povo
António Costa falava no Fórum Lisboa, numa sessão política promovida pela FAUL, com militantes e simpatizantes, numa intervenção em que sublinhou que os próximos seis meses são de “mobilização diária” para as eleições legislativas.
“Não podemos deixar nem aos jogos partidários, nem à vontade do Presidente da República a escolha do novo Governo. No país de abril quem vota e quem escolhe os governos é o povo e vai ser o povo a escolher o próximo Governo”, afirmou.
Num discurso, frequentemente interrompido pelos aplausos da assistência que enchia o Fórum Lisboa, o líder socialista disse que ao fim de quase quatro anos o atual Governo, que “não tem emenda”, fracassou em todos os seus objetivos, sublinhando que “quem nos dá razão hoje” são instituições como a OCDE, FMI, Parlamento Europeu e INE quando apontam os efeitos negativos da política prosseguida pelo Governo. Nomeadamente em áreas como a saúde, onde há cortes cegos e se assiste a uma política de desinvestimento e canalização de recursos para o sector privado; a educação, onde se prossegue uma política de desinvestimento na escola pública; e na proteção social, onde se corta nas pensões, no complemento solidário para idosos e no rendimento de inserção social. Medidas que originam o aumento exponencial das desigualdades e exclusão social.
“Quem nos dá razão é a realidade e esta desmente a fantasia que o Governo quer alimentar”, disse, acrescentando que “oferecer uma alternativa a estas medidas exige a mudança de Governo”.
Sobre a Europa, António Costa fez uma clara demarcação tanto em relação aos partidos da maioria como em relação às forças políticas mais à esquerda.
“Temos uma orientação estratégica e uma agenda europeia, porque sabemos bem que aquilo que é necessário fazer não se faz unilateralmente, não se faz saindo da União Europeia, não se faz saindo do euro, nem em conflito com os nossos parceiros, mas faz-se construindo a aliança necessária com os nossos parceiros para defendermos o interesse nacional”, disse, concluindo que “a alternativa não está nem na rutura com a Europa, nem na submissão aos interesses dos outros”.
Defender interesse nacional no quadro europeu
Para o líder do PS, o caminho e a alternativa dos socialistas passa pela “defesa do interesse nacional no quadro da Europa”.
Por isso, frisou, “não ficaremos à espera das eleições para depois nos confrontarmos na Europa com a demagogia das promessas, nem tiramos fotografias com o ministro das Finanças alemão como um exemplo da boa execução do seu programa europeu”, disse.
No ano em que Portugal se prepara para celebrar os 30 anos de adesão à Comunidade Económica Europeia (CE), o objetivo deve centrar-se em “dar um novo impulso para a convergência de Portugal com a União Europeia”, defendeu.
A finalizar a sua intervenção, António Costa lembrou que em abril é tempo de comemorar o aniversário do PS, com uma grande festa da democracia no Porto, de assinalar os 40 anos das primeiras eleições livres em Portugal, para a Constituinte, que o PS ganhou. “Se há pessoas que acham que hoje é difícil ganhar eleições, é preciso lembrar o ano de 1975, quando o PS teve de ir para a rua para garantir a democracia, a liberdade de expressão. Aí sim é que era difícil e já aí o PS ganhou”, afirmou.