home

“Não se pode ter responsabilidade sem iniciativa”

“Não se pode ter responsabilidade sem iniciativa”

O PS parte para as negociações que está a promover com todos os partidos com representação parlamentar “sem qualquer espírito tacticista”, mas com uma “enorme vontade de clarificar posições”, afirma Eduardo Ferro Rodrigues.

Notícia publicada por:

“Há agora condições para consenso mais amplo em torno de questões estratégicas para o país”

Na entrevista que hoje concedeu à jornalista Maria Flor Pedroso, da Antena 1, Ferro Rodrigues manifestou o desejo que destes encontros resulte uma “efetiva mudança de políticas em Portugal”, uma transformação que conseguisse responder aos “pontos centrais” que o Secretário-geral do PS, António Costa, referiu na noite das eleições.

O dirigente socialista não deixou de lamentar a iniciativa de Cavaco Silva ao ter convidado o líder do PSD para encetar diligências e avaliar a possibilidade de constituir Governo, recordando ao Presidente da República que a coligação de direita PSD/CDS “já não tem a maioria absoluta”.

Mostrou satisfação por PCP e BE declararem agora uma “grande disponibilidade” para o diálogo com o PS, o que para Ferro Rodrigues constitui “uma agradável novidade”, considerando que seria uma “grande irresponsabilidade” da parte do PS se não respondesse no terreno a esta abertura.

Para Ferro Rodrigues “não se pode ter responsabilidade sem iniciativa”, lembrando que estes encontros se revestem ainda de uma maior pertinência “até para podermos observar se essa disponibilidade dos partidos à nossa esquerda é verdadeira ou se trata apenas de mera retórica”.

Nesta entrevista à Antena 1, Ferro Rodrigues sustentou que, perante os resultados eleitorais do passado domingo, “não há hoje em Portugal nenhuma maioria absoluta a nível partidário”, mas há contudo “duas maiorias absolutas”, uma contra as políticas de austeridade e de empobrecimento dos portugueses e outra a favor da Europa.

Este cenário, na opinião do dirigente socialista, coloca o PS no centro das duas maiorias absolutas, dando-lhe por um lado, a oportunidade para que não se deixe ficar “refém” da iniciativa de outros, e, por outro lado, “colonizável pela direita”.

Depois de garantir que o PS parte para estas negociações “sem qualquer espírito tacticista”, mas com uma “enorme vontade de clarificar posições”, Ferro Rodrigues lembrou que o país é hoje muito diferente do que era há quatro anos, designadamente pela intervenção do BCE que, ao baixar as taxas de juros, permitiu que se tivesse injetado liquidez na economia e “aliviar a pressão dos mercados sobre a dívida pública portuguesa”.