Nada indica que o OE para 2019 “não venha a ser aprovado”
Reagindo às palavras do Presidente da República, que dias antes numa entrevista admitiu poder haver eleições antecipadas caso a maioria que apoia o Governo não se entenda em relação ao próximo Orçamento, António Costa afirma, nesta entrevista ao DN, que “olha com otimismo” para a existência de um acordo para o Orçamento do Estado para 2019, acrescentando esperar que com esta sua certeza não esteja a ser um “otimista irritante”, como um dia lhe chamou Marcelo Rebelo de Sousa.
Garantindo não ter nenhuma razão nem tão pouco nenhuma indicação para poder pensar que o país não reúna todas as condições políticas para aprovar o Orçamento para 2019, a exemplo do que antes sucedeu, como lembrou, em 2016, 2017 e 2018, reafirmando o que por diversas vezes tem vindo a defender noutras entrevistas, de que não tem “nenhuma vontade” de pedir a maioria absoluta nas próximas eleições legislativas, lembrando a este propósito que não é por a pedir que “a tem ou que a deixa de ter”, não deixando, contudo, de salientar, que um PS fraco “não permite uma solução política como aquela que temos atualmente”, justificando que “é no equilíbrio de forças” que tem sido possível conseguir harmonizar os diferentes objetivos “que temos de prosseguir”.
Para o Secretário-geral socialista e primeiro-ministro, os partidos de esquerda, PS, BE, PCP e PEV, aprenderam nos últimos anos a “negociar o Orçamento”, uma mais-valia que, para António Costa, por um lado, tem permitido que “cada um não deixe a afirmar as suas posições”, numa base “muito leal e construtiva”, mas que, por outro lado, e graças ao esforço de todos, tem possibilitado “aproximar posições”.
Depois de garantir que “não será seguramente em 2019” que o Governo que lidera e os partidos à esquerda que o apoiam parlamentarmente “irão frustrar a esmagadora maioria dos portugueses” que, segundo António Costa, “está satisfeita com o Governo e com esta solução política” e com os resultados sociais e económicos desta governação.
O primeiro-ministro, nesta entrevista ao DN, referiu-se ainda a outros temas, designadamente, aos incêndios florestais, cuja época está aí à porta, à Europa e às relações de Portugal, quer com os Estados Unidos da América, quer com Angola.
Prioridade está na prevenção
Quanto a toda a problemática que envolve os incêndios florestais, o primeiro-ministro diz nesta entrevista que o Governo “segue à risca” as recomendações da comissão técnica independente designada pela Assembleia da República, segundo as quais a prioridade das prioridades passa “não pelo combate, mas pela prevenção”, considerando que este último ponto é um “desafio de longo alcance”, que implica a reforma da floresta, uma atuação “muito forte na fase de prevenção”, sobretudo como se fez este ano, como recordou, durante o inverno, procedendo à limpeza dos matos, algo que “não se fazia há muitos anos”, cabendo aqui todo o mérito deste esforço, como referiu, aos “proprietários, aos autarcas e ao próprio Estado”.
Não tendo sido, como reconheceu, uma limpeza tão profunda como seria desejável, porque o “combustível acumulado ao longo de anos e anos é tanto que não seria possível apenas nestes meses limpar tudo” até porque, como adiantou, este esforço continua a decorrer, ela representou, contudo, um passo firme para minimizar tragédias futuras, porque é aqui que “está a chave do sucesso”.