Morre-se mais nos hospitais portugueses
A saúde em Portugal está “à beira do colapso”. A acusação é de António Arnaut, fundador do Serviço Nacional de Saúde (SNS), confrontado com a evolução do setor nos últimos três anos e meio.
Depois do abandono em massa, sobretudo de médicos e de enfermeiros, para a área privada ou para o estrangeiro, empurrados pelas políticas do Governo do PSD/CDS, de mortes que eram evitáveis nas urgências e de esperas de mais de vinte horas nas consultas, surge agora a notícia de que os óbitos por infeção hospitalar em 2013 foi de cerca de 4500, com os números a não pararem de crescer desde 2011.
Milhares de mortos e cerca de 300 milhões de euros de despesa, por ano, para o SNS, é o preço que o país e os portugueses estão a pagar pelas infeções hospitalares atribuídas ou associadas à introdução de dispositivos invasivos nos doentes.
Com o setor da saúde em respiração assistida, como a define António Arnaut, Portugal coloca-se hoje entre os países europeus onde se detetam mais infeções hospitalares, perto do dobro da média europeia, quando em 2010 o país estava neste capítulo entre os mais bem colocados a nível europeu.
Um recente estudo internacional aponta para que entre quase 20 mil portugueses avaliados, 10,6% contraíram uma infeção hospitalar, ou seja, um em cada dez internados corre o risco de contrair uma infeção num hospital ou noutras unidades que prestam serviços de saúde, e desenvolver complicações, por vezes fatais.
Um inquérito realizado em 2012 pelo Centro Europeu para o Controlo de Doenças, coloca Portugal num plano absolutamente crítico.
Entre os quase 20 mil doentes analisados à data da avaliação, cerca de de10,6% destes pacientes teve uma infeção hospitalar, quase o dobro da média registada nos mais de 900 hospitais estudados nos 30 países envolvidos, situando Portugal entre os países da Europa com uma das mais elevadas prevalência de infeções hospitalares.
Ainda segundo este inquérito, dos casos sinalizados, mais de 79% adquiriu a infeção hospitalar no decurso do internamento, com destaque para as unidades de cuidados intensivos e cirúrgicos.
GULBENKIAN SOCORRE HOSPITAIS PÚBLICOS Atenta a esta trágica realidade, a Fundação Gulbenkian acaba de assinar com doze hospitais públicos, apurados por concurso, um compromisso para reduzir a prevalência de infeção hospitalar. Os doze hospitais públicos foram apurados entre 30 candidaturas, representando 65 a 75 por cento dos hospitais em Portugal. O programa tem a duração de três anos e visa uma redução de 50% na ocorrência deste fenómeno. |