“Instabilidade e opacidade permanecem características da governação desta equipa da saúde, mas, dez meses depois, podemos juntar a palavra ‘incapacidade’”, criticou Mariana Vieira da Silva, esta quinta-feira, durante a interpelação ao Governo sobre a situação do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
A tutela manifesta “incapacidade para resolver os problemas e para estar à altura das expectativas que criou”, denunciou a vice-presidente da bancada socialista, que deu exemplos: “Já estamos no terceiro presidente do INEM, incluindo um que nunca chegou a tomar posse. Estamos no terceiro diretor executivo, incluindo um que nunca verdadeiramente assumiu as suas responsabilidades”.
“Acumulam-se os passa-culpas, as demissões e os afastamentos de administrações hospitalares pisando todos os critérios de mérito e de competência”, lamentou a socialista.
Num recado dirigido diretamente à ministra Ana Paula Martins, Mariana Vieira da Silva explicou que “instabilidade é aquilo que se espera de instituições que ameaçamos de refundações, ou de profundas remodelações, como a senhora ministra fez ao INEM e à direção executiva [do SNS], e depois os deixamos a pairar durante 10 meses”.
A dirigente do PS comentou depois que continuamos “a conviver com dados apagados e com dados desaparecidos”, e sustentou que a estratégia do Governo é debitar “dados não públicos”, para que não possam ser confrontados.
Quanto aos casos de incompetência, eles vão-se sucedendo, tal como exemplificou Mariana Vieira da Silva: “No verão e agora no Natal tivemos mais urgências encerradas, tivemos concursos de médicos atrasados que atiraram para fora do SNS muitos médicos. Este Governo conseguiu aumentar dificuldades em coisas que corriam bem, como é o caso da linha SNS24”.
A vice-presidente do Grupo Parlamentar do PS defendeu a urgência de se “discutir as políticas e os resultados com dados, coisa que a ministra da Saúde raramente faz”. E admitiu ter “muita pena” que hoje “não tenha sido o dia em que fomos esclarecidos sobre a transferência de hospitais para as misericórdias, porque, neste momento, os trabalhadores estão a receber telefonemas dos seus hospitais para saber se pretendem voltar à misericórdia”.