Madeira precisa de novo rumo que não hipoteque futuro
Ao discursar na primeira convenção dos Estados Gerais do PS insular, Cafôfo sublinhou que a garantia de uma autonomia madeirense faz-se com “responsabilidade, firmeza, com coesão, solidariedade inequívocas”.
“Temos de dialogar não sendo subservientes”, frisou o atual presidente da Câmara Municipal do Funchal, referindo que os madeirenses têm de ser “senhores do seu destino”.
Aliás, sublinhou, “é preciso que todos respeitem a autonomia e que quem tem de defender a autonomia se dê ao respeito”.
De seguida, acrescentou que “a afirmação da matriz autonómica não se faz de amuos ou de birras”, até porque a Madeira não quer “a caridade da República, ao contrário do que acontece com o atual Governo Regional que tantas vezes de mão estendida parece reclamar”.
O candidato socialista defendeu, assim, que “a autonomia se afirma com atitudes na defesa dos madeirenses e porto-santenses”, sublinhando ser o presente “o novo tempo de novas caras, de refrescar das políticas e de políticos, de trazer as pessoas para o primeiro plano” e de ter uma “visão de futuro”.
“Vamos fazer diferente, mais e melhor”, garantiu, apontando que é “possível dar nova política à Madeira”.
Sobre os Estados Gerais do PS, Paulo Cafôfo considerou servirem desde já para “construir as bases sólidas para o futuro da Região Autónoma da Madeira”.
Trata-se, considerou, do “lançamento de uma primeira pedra do programa político” que o partido vai levar a sufrágio em 2019, “propondo aos madeirenses uma alternativa de governo, com desenvolvimento que prepare a região para os desafios da década”.
“Estamos já a pensar no que será a Madeira em 2030”, declarou, indicando haver “um novo caminho, uma alternativa de governação para colocar a Madeira na rota de um desenvolvimento pensado e estruturado”.
Educação, saúde e desenvolvimento
Depois, enunciou as três áreas que elegeu como estruturantes para o futuro da Madeira: educação, saúde e novo programa de desenvolvimento.
No que diz respeito à educação, o também professor, defendeu a redefinição do sistema educativo do arquipélago, a necessidade de garantir as condições para uma educação de excelência para os jovens, dando também aos professores recursos para melhorar o ensino.
E salientou ainda que “a Madeira tem de crescer economicamente e com um ritmo muito superior ao presente”, o que passa também pela “reposição do diferencial fiscal numa legislatura” e tornar a região mais competitiva.
“Vamos defender intransigentemente o Centro Internacional de Negócios da Madeira (CINM), esta é uma ferramenta relevante na captação de investimento e receita fiscal”, afirmou, complementado que deve existir “uma agência de promoção de investimento”.
A propósito da saúde, classificou-a como a prioridade número um das políticas do futuro governo da Madeira”, sustentando que é necessário existir “uma clara transparência entre público e privado para diminuir listas de espera” e de cirurgias, reorganizar e otimizar o Serviço Regional de Saúde, tornando-o menos burocrático, entre outros aspetos.
Sobre a construção do novo hospital, sustentou que ela “não resolve todos os problemas do setor da Saúde, sustentando ser fundamental ter uma “visão a longo prazo”.
Nesta linha de pensamento, anunciou como uma das suas bandeiras a criação de um programa de saúde escolar.
Na abertura dos estados gerais do PS-M, o presidente dos socialistas madeirenses, Emanuel Câmara, afirmou que o candidato do partido à presidência do Governo da Madeira nas eleições legislativas de 2019, Paulo Cafôfo, vai permitir a “alternância política” neste arquipélago.
“O governo [do PSD] está em fim de linha”, afiançou, sustentando que o PS tem agora a oportunidade de mostrar ao eleitorado que “tem a solução”.
Espaço para crescer e diversificar a economia
A primeira convenção dos Estados Gerais do PS/Madeira esteve subordinada ao tema “Pela Madeira Sim ao futuro”, contando com a presença dos ministros da Economia e da Saúde.
O titular da pasta da Economia considerou que a região tem um grande espaço para crescer e diversificar a nível económico, apostando nas empresas tecnológicas.
“Além do turismo, há um desafio muito grande da diversificação da economia que é uma das áreas em que temos insistido muito a nível nacional com as ‘startups, as empresas tecnológicas”, disse Manuel Caldeira Cabral.
O governante acrescentou que esta é “uma das áreas que nas economias insulares tem muita capacidade para ser desenvolvida”, considerando que “há muitos bons exemplos na Madeira”.
“Há empresas que estão a florescer nesta área, mas há muito espaço para crescer”, vincou, mencionado a Universidade da Madeira e as forças vivas da região, os jovens qualificados que têm “capacidade de dar uma resposta interessante e até de atrair para a Madeira” investidores de outros países.
Caldeira Cabral sustentou que essas pessoas podem ir para a Madeira “porque tem muitas condições para trabalhar” e onde encontram ali “financiamento para os seus negócios”, acrescentando que “as novas gerações apreciam a qualidade de vida que a ilha tem para oferecer, o que pode ser um fator diferenciador”.
Novo hospital pode transformar sistema de saúde
Já o ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, considerou que a construção do novo hospital no Funchal vai permitir “catapultar a transformação do sistema de saúde” da região.
“Os problemas da saúde infelizmente não se resolvem com edifícios, resolvem-se com políticas, com recursos, com estratégias”, disse Campos Fernandes, considerando, porém, que esta nova unidade hospitalar fará toda a diferença.
O governante afirmou que na área da saúde “existem grandes desafios por todo o lado”, enunciando os casos do “envelhecimento, da doença crónica, as novas necessidades, a inovação tecnológica”.
No seu entender, “nunca é demais este envolvimento com a sociedade, com os autores sociais” para que se possam “ir aplicando as melhores soluções”.
Adalberto Campos Fernandes referiu ainda que os problemas na área da saúde registados na Madeira são idênticos em todo país, defendendo ser necessário fazer uma “aposta muito forte” numa “rede muito coesa de apoio” de cuidados de saúde primários.