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Governo faz auto-elogio desligado do país e dos portugueses

Governo faz auto-elogio desligado do país e dos portugueses

O Governo divulgou ontem um documento a que chamou “Quatro anos de credibilidade e mudança” e que visa apresentar um balanço da sua governação. São 90 páginas de ficção, um auto-elogio desligado da realidade do país e da vida dos portugueses.

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“É o retrato de um país que não existe. São 90 páginas de ficção, escrita com fins eleitoralistas”, afirma ao AS Digital a dirigente socialista Graça Fonseca, adiantando que “há o país de Passos Coelho, vamos chamar-lhe o País das Maravilhas; e há o país dos portugueses, o que conhecemos como país real”.

“No país de Passos Coelho, e estou a citar, ‘o desemprego desce consistentemente, a economia acelera e a dívida está a descer’”, refere Graça Fonseca, explicando, em contraponto, que “no país real, a riqueza gerada baixou 5%, temos a maior dívida pública de sempre (aumentou 30% em quatro anos), temos a maior carga fiscal de sempre (37% do PIB), o investimento baixou para o nível mais baixo de sempre (quebra de 30%), foram destruídos 320 mil empregos”.

No país real, continuou a dirigente do PS, “meio milhão de pessoas saiu à procura de uma oportunidade de trabalho, a taxa de desemprego jovem é de 35%, mais de 160 mil desempregados estão em programas ocupacionais e estágios financiados pelo Governo, dos quais apenas 30% se transforma em emprego efetivo”.

“Já no País das Maravilhas de Passos Coelho, e volto a citar, ‘o Governo agiu sempre para proteger os membros mais vulneráveis, a equidade e proteção social foram prioritárias e foi construído um novo paradigma de resposta social que nunca antes existiu em Portugal’”, diz.

No país real, explica Graça Fonseca, “um em cada três jovens está em risco de pobreza (uma média três vezes superior à europeia), mais de dois milhões de pessoas vivem em risco de pobreza (com 400 euros por mês) e a pobreza infantil é uma realidade para uma em cada quatro crianças”.

Graça Fonseca adianta ainda que “neste país real 70 mil idosos deixaram de receber o Complemento Solidário e mais de 100 mil pessoas deixaram de receber o Rendimento Social de Inserção”.

No País das Maravilhas de Passos Coelho, “o Serviço Nacional de Saúde foi salvo e todos os anos aumentou a prestação de cuidados de saúde”, enquanto no país real, denuncia a dirigente do PS, “há mais de um milhão e 200 mil pessoas sem médico de família, as taxas moderadoras duplicaram nos centros de saúde e hospitais afastando os utentes (em quatro anos foram realizadas menos um milhão e 300 mil consultas no SNS), há falta de enfermeiros e de camas nos hospitais”.

“No País das Maravilhas de Passos Coelho, e continuo a citar, ‘a prioridade foi melhorar a qualidade da educação e da ciência, a aposta no conhecimento, na qualificação e na empregabilidade’”.

Ao invés, refere Graça Fonseca, “no país real, aumentou a taxa de retenção e desistência em todos os ciclos do ensino básico, o número de vagas no ensino superior é o mais baixo dos últimos 10 anos (só este ano são menos 1200 vagas que o ano passado) e o investimento em ciência recuou até 2008, são menos 436 milhões de euros de investimento em quatro anos”.

País de Passos é ficção política

Por tudo isto, a secretária nacional do PS conclui que “o país de Passos Coelho não existe. É ficção, não científica, mas política”, acrescentando que “não é o PS que o diz, é o Instituto Nacional de Estatística, é o Banco de Portugal, são as Direções Gerais, é a Comissão Europeia e organizações internacionais como a OCDE”.

Mas também, acrescentou, “são as pessoas reais que o dizem, como as que ontem confrontaram o primeiro-ministro com os resultados da sua política na vida de cada uma delas”.

Graça Fonseca reitera que “é para essas pessoas que, sem meias-verdades, o PS tem uma proposta séria e uma alternativa de confiança”.