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Lisboa e a derrota de Pedro Passos

Lisboa e a derrota de Pedro Passos

Na semana em que se realizou o ultimo congresso do PSD escrevi, aqui no Ação Socialista, que Pedro Passos Coelho só tinha um caminho para tentar discutir com Fernando Medina a vitória eleitoral – ser ele próprio o candidato numa coligação com o CDS.

Opinião de:

Lisboa e a derrota de Pedro Passos

Essa minha opinião, por obtusa que pareceria na altura, recebeu olhares descuidados. Sei bem que ter razão antes do tempo é sempre não ter razão, mas todos os sinais estavam lançados. 

Há muito que o CDS sabe que, para se afirmar numa coligação que permita o regresso ao poder nacional, terá quem ir a jogo em Lisboa. Nessa altura, há meses, era já minha opinião que Assunção Cristas seguiria o caminho de Paulo Portas em tempos passados. Mas havia, ainda, uma razão especial para considerar que o CDS quereria jogar o seu campeonato – as constantes análises causticas de Pedro Santana Lopes sobre os centristas e a quase incompatibilidade perante uma candidatura do ex-primeiro-ministro e ex-presidente da câmara.

Nestes tempos mais recentes não se alteraram os pressupostos que levaram à avaliação que fiz há quase um ano. Passos, se quer ter vida política futura, só tem um caminho – ser ele mesmo candidato a Lisboa. 

Há quem ache que Pedro Passos pode vir a ser, novamente, primeiro-ministro, que bastará estar no lugar certo à hora certa. Porém, todos os sinais vão no sentido de dizer que Passos é mesmo o mal do PSD e do centro-direita, é um fardo pesado para qualquer futuro esperançoso com dimensão nacional. 

Jorge Moreira da Silva é um oficial de patente baixa para um combate tão exigente; José Eduardo Martins é uma espinha encravada na garganta de Passos Coelho; Maria Luís Albuquerque é mesmo a incompatibilidade entre os lisboetas (que não são os que aportam todos os dias a Lisboa) e a sua visão do mundo e do futuro. Todos serão candidatos de uma parte do partido e nunca de todo o partido, todos terão dificuldades na mobilização territorial, na afirmação da proximidade. 

Dirão, e Passos tem essa proximidade? Passos teria três coisas que são essenciais: 1ª Afirmava-se sem contestação no seu partido; 2ª Poderia fazer desistir Cristas; 3ª Assumia um combate que, sendo ganho, o transportaria para uma candidatura presidencial pós-Marcelo. 

Claro está, tudo isto é da lavra do meu pensamento inquieto. Mas a política é feita de pensamentos inquietos e é por isso de Pedro Passos, no seu caminho quadrado de pensar a vida, não vai a jogo. Medina e Cordeiro devem estar bem com a vida que pensam vir a ter.