Legitimidade democrática, governabilidade e vontade política
“Ganhar na secretaria”, “golpe político”, “novo PREC” são alguns dos mimos com que, de forma pública ou privada, nos procuram atingir. Deve afirmar-se, alto e bom som, que quando há duas maiorias absolutas políticas e nenhuma partidária ou coligacionária, o governo que não for chumbado na AR, com base no respeito pelas regras da União Europeia e no virar de página da austeridade, tem toda a legitimidade constitucional e, portanto, democrática.
Sobre cenários de governabilidade não é compreensível que um governo acantonado na zona mais à direita do Parlamento e sem acordo parlamentar consistente possa, necessariamente, garantir mais estabilidade que um governo de António Costa que, à partida, tenha garantias à esquerda sobre programa e orçamento.
Mas, como sempre, a questão fundamental é a da vontade política. Vontade política do PS. Com toda a informação à vista, os órgãos nacionais do Partido e os militantes saberão assumir todas as responsabilidades por essa vontade.
E que não venha o Presidente da República ou os comentadores e líderes da direita interferir ou pôr em causa essa vontade, como se estivessem mais preocupados com o País, com a Democracia ou com o PS do que os próprios socialistas.