Em declarações aos jornalistas proferidas à margem da apresentação das listas autárquicas em Vila Nova de Famalicão, José Luís Carneiro deixou claro que o Partido Socialista “estará do lado dos trabalhadores” e continuará a ser a voz da justiça social e da dignidade no trabalho.
“Não podemos aceitar a precariedade como modo de vida para os nossos trabalhadores”, afirmou José Luís Carneiro, frisando que propostas que visem “deitar por terra a agenda para o trabalho digno e procurar desvalorizar a contratação coletiva” são absolutamente inaceitáveis.
“São linhas vermelhas que o PS não pode aceitar”, reforçou.
Sublinhando a centralidade da luta por melhores condições de vida, o líder socialista garantiu que o PS está “à frente na defesa dos trabalhadores, na valorização dos rendimentos, na valorização dos salários, e numa economia que cresça, que crie riqueza e que promova a justiça social”.
Questionado sobre o próximo Orçamento do Estado, José Luís Carneiro manteve uma postura de responsabilidade e seriedade institucional, recusando tecer comentários ou fazer acordos prévios antes da apresentação oficial do documento.
“Só podemos falar sobre aquilo que conhecemos”, observou, lembrando que a proposta será entregue apenas a 10 de outubro.
Até lá, o líder socialista não deixa de partilhar as preocupações prioritárias do PS, alinhadas com as necessidades reais dos portugueses.
Rendimentos e salários é “uma das preocupações mais importantes, dos mais jovens e das classes médias”, apontou, sustentando ser necessário “progredir na nossa economia para conseguir atingir o mais rápido possível a média dos salários médios europeus”.
Sobre a habitação, o Secretário-Geral reiterou a defesa de respostas concretas para a “emergência habitacional”, bem como “respostas mais estruturais para a habitação”.
Salientando que o sector da saúde é também motivo de apreensão para os socialistas, em particular no que respeita à resposta do Serviço Nacional de Saúde durante o verão, José Luís Carneiro referiu “não ser é compreensível que, a chegar ao pico da estação, o Governo não tenha uma coordenação das emergências hospitalares devidamente estruturada para dar previsibilidade e segurança aos nossos concidadãos, particularmente da Grande Lisboa e também na Península de Setúbal”.
Acordo comercial UE-EUA
No domingo, à margem da apresentação do candidato do PS, Nuno Ferreira, à Câmara de Freixo de Espada à Cinta, no distrito de Bragança, o líder socialista foi instado a comentar o recente acordo comercial entre a União Europeia e os Estados Unidos, que estabelece tarifas aduaneiras de 15% sobre produtos europeus exportados para solo norte-americano.
“O acordo não é o ideal, mas é o possível”, declarou, sublinhando que representa uma melhoria face à situação anterior.
“Os 15% de tarifas cobradas pelos EUA são menos do que os 25% que estavam a ser cobrados”, lembrou, destacando ainda que, apesar de países como o Reino Unido terem acordos diferentes, “não têm excedente comercial”, razão pela qual assinalou que “o mais importante agora é estabilizar as expectativas e acabar com a incerteza”.
Considerando que responder com a imposição de tarifas “só aumentaria o custo dos produtos nos nossos mercados”, José Luís Carneiro sustentou ser crucial agora que o Governo proceda a uma avaliação urgente e rigorosa dos impactos que este novo enquadramento comercial poderá ter sobre setores nacionais como o vestuário, calçado, metalomecânica e saúde.
“É importante realizar uma avaliação, tão extensa quanto possível, sobre o impacto dessas tarifas na nossa economia”, afirmou, vincando também a necessidade de perceber as consequências a nível europeu, “sendo que nós vendemos mais de 70% para a Europa”.