Perante novas operações judiciais relacionadas com a privatização da companhia aérea portuguesa feita em 2015 pelo então governo do PSD/CDS, José Luís Carneiro, reafirmou esta terça-feira, em Lisboa, a determinação socialista em garantir que o processo atualmente em curso coloque o interesse nacional acima de qualquer pressão ou precipitação do atual executivo da AD.
À saída de uma reunião na Liga dos Combatentes, o Secretário-Geral socialista confirmou que todos os grupos internacionais interessados na compra de 44,9% do capital da TAP — IAG, Air France–KLM e Lufthansa — “consideraram natural” o reembolso ao Estado dos capitais investidos durante a pandemia. Um ponto que, sublinhou, o PS não abdica de ver assegurado.
“Devo dizer que, tendo nós recebido, a seu pedido, as três interessadas, todas consideraram ser natural que haja o reembolso do capital que o Estado aplicou na companhia no decurso da pandemia”, revelou, lembrando que o país fez um esforço financeiro decisivo para salvar a transportadora num contexto de emergência nacional e internacional.
A exigência de um retorno justo desse investimento, explicou José Luís Carneiro, deve ser encarada como uma salvaguarda elementar do interesse público.
Neste contexto, o líder socialista enviou uma carta ao primeiro-ministro, Luís Montenegro, reiterando a importância de uma reunião sobre o processo de privatização e chamando a atenção para os princípios essenciais que devem orientar a decisão.
Mais do que obter resposta formal do chefe do Governo, o Secretário-Geral afirmou que a iniciativa serve como “efeito de alerta”, um contributo responsável da oposição para garantir transparência, rigor e defesa estratégica do país.
“O mais essencial é que seja cumprido o objetivo de manter em Lisboa o ‘hub’ estratégico”, sublinhou, destacando que este é o elemento que permite à capital portuguesa afirmar-se como “grande centro de operação da Europa com o Atlântico”.
Para o PS, “qualquer privatização que ameace esta posição central compromete não apenas a TAP, mas a competitividade económica nacional e a própria projeção internacional de Portugal”, avisou.
Outro ponto considerado intransigível é a manutenção em Lisboa da operação de manutenção aeronáutica, um setor que, como recordou o líder socialista, “tem efeitos muito importantes na nossa economia e no emprego mais qualificado”.
Proteger o conhecimento adquirido, os postos de trabalho altamente especializados e a capacidade produtiva instalada é, vincou José Luís Carneiro, um imperativo de soberania económica.