Em entrevista concedida à TSF, ontem, em Bruxelas, José Luís Carneiro defendeu a criação de um plano estratégico europeu de defesa que vá além da segurança militar, tendo impacto na economia, no território e no mercado de emprego dos Estados-membros da União Europeia.
Na ocasião, o Secretário-Geral socialista sustentou que o investimento no setor da Defesa deve ser articulado com objetivos de coesão territorial, modernização económica e valorização do conhecimento.
“É com o desenvolvimento de capacidades de duplo uso militar e defesa que nós poderemos contribuir para modernizar a nossa infraestrutura económica e, num prazo de 10 a 15 anos, sermos capazes de garantir uma economia mais competitiva, mais produtiva, com maior absorção de conhecimento e de mão de obra altamente qualificada”, vincou.
Destacando exemplos nacionais como a Embraer, em Évora, e a Tekever, em Ponte de Sor, José Luís Carneiro referiu que estas empresas geraram “clusters tecnológicos” com forte impacto nas economias locais, para de seguida sustentar que modelos industriais semelhantes podem e devem ser replicados noutras regiões da Europa.
O líder socialista destacou igualmente a necessidade de haver um “envolvimento ativo” dos poderes locais, sub-regionais e das comissões de coordenação e desenvolvimento regional nas questões da segurança e da defesa.
Reforçou, assim, que este tipo de planeamento precisa assentar num esforço conjunto e coordenado entre os diferentes níveis de governação.
A propósito de recentes declarações de Luís Montenegro sobre a necessidade de criar contratos públicos plurianuais com empresas nacionais e europeias, José Luís Carneiro fez notar que essa proposta partiu do próprio PS.
“Não foi o primeiro-ministro que o fez, foi o Partido Socialista e fui eu, como candidato a Secretário-Geral, que coloquei esse tema na ordem do dia”, reivindicou, enfatizando ser agora tempo de “dar seguimento a essa manifestação de disponibilidade para o diálogo”.
Quanto ao financiamento de projetos de defesa com fundos europeus, incluindo verbas da política de Coesão, o líder do PS admitiu essa possibilidade, ressalvando que precisa ser “integrada numa estratégia europeia clara e orientada para o desenvolvimento económico e social”.
Na mesma entrevista ao programa Fontes Europeias da TSF, o líder socialista sublinhou a importância, hoje, do modelo económico e social europeu.
Descrevendo-o como “um exemplo global de compatibilização entre crescimento, justiça social e sustentabilidade ambiental”, Carneiro evidenciou que “o modelo de crescimento económico europeu procura basear-se no conhecimento, na investigação, no desenvolvimento e na inovação”, consubstanciando ainda “uma aposta na proteção social e no emprego de qualidade”.
Quanto ao papel da Europa no mundo, o Secretário-Geral destacou a necessidade de sustentar um quadro multilateral robusto, que salvaguarde os valores sociais e ambientais do continente.
“Queremos ser daqueles que estão na linha da frente na construção de uma Europa capaz de responder a desafios estratégicos, da segurança e da defesa, no que tem a ver com a sua autonomia estratégica”, concluiu.