Perante uma multidão reunida em apoio à candidatura autárquica de António Braga à Câmara Municipal de Braga, José Luís Carneiro clarificou que a proposta de Orçamento apresentada pelo Governo da AD, mesmo observando as exigências apresentadas pelo partido ao primeiro-ministro, “não é o orçamento do PS”, porque os socialistas “teriam seguido um caminho diferente, assente numa maior justiça social, no reforço das pensões e numa distribuição mais equilibrada dos esforços exigidos aos portugueses”.
Sublinhando que o PS será sempre “uma força de responsabilidade nacional”, comprometida com a estabilidade política, mas firme na defesa das famílias, dos trabalhadores e dos pensionistas, José Luís Carneiro deixou uma mensagem inequívoca.
“Vamos contribuir para a estabilidade política do nosso país, porque é isso que as pessoas querem”, garantiu, apontando, porém, desequilíbrios na proposta orçamental do executivo de direita chefiado por Luís Montenegro, que arriscam um agravamento das desigualdades no país.
“Há um desequilíbrio que está a encaminhar Portugal de novo para profundas desigualdades”, advertiu, vincando existir “uma desigualdade muito forte na distribuição dos sacrifícios que são pedidos às portuguesas e aos portugueses”.
Entre as principais preocupações do PS, enfatizou o líder socialista, está a situação dos pensionistas com rendimentos mais baixos.
José Luís Carneiro antecipou que os beneficiários das pensões mais baixas “irão ter perdas de rendimento durante 2026, a não ser que haja capacidade para de novo atribuir um suplemento extraordinário”.
Apontando ser chegado o tempo de encontrar soluções estruturais e duradouras, o Secretário-Geral instou o Governo a corrigir a rota.
“Em vez de ano a ano se dar um suplemento extraordinário de pensões, como se de um favor do Estado se tratasse, seria importante melhorar as pensões mais baixas e dar outras condições de dignidade aos mais idosos”, sugeriu, para de seguida reafirmar a postura firme, construtiva e responsável que o Partido Socialista irá manter no processo de discussão do OE2026.
Reiterou, então, que o partido está preparado para contribuir para a estabilidade do país, mas também para ser a voz da justiça social e do equilíbrio.
PS fará análise rigorosa da proposta de Orçamento
Antes, numa primeira reação à proposta de Orçamento de Estado do próximo ano, o Secretário-Geral fez notar, em declarações aos jornalistas, que o documento apresentado observa as exigências que foram colocadas pelo PS a Luís Montenegro.
“O Governo correspondeu às exigências colocadas pelo Partido Socialista, nomeadamente em relação às questões laborais, ao Serviço Nacional de Saúde, à segurança social pública e ainda ao tratamento fora do orçamento das questões de natureza fiscal”, disse, reiterando de seguida a disponibilidade do partido para “contribuir para a estabilidade política”.
Anunciou, contudo, que irá ouvir os órgãos do partido sobre o sentido de voto na próxima semana, advogando uma “estabilidade política exigente” e garantindo que o PS continuará a ser “uma oposição firme, construtiva e responsável”.
A propósito, enfatizou que o partido analisará o Orçamento do Estado “com rigor e em cada fase do processo parlamentar”, alertando que o Governo “está a fazer opções que poderão ser custosas no futuro”.
Por último, criticou ainda a política fiscal do executivo, observando que “se aumenta a receita de IRS em 5,5% e reduz a de IRC em 2%, “são os rendimentos das famílias que estão a suportar as opções do Governo”.