Recém-eleito Secretário-Geral do PS, José Luís Carneiro assumiu, sábado passado, em Lisboa, a liderança socialista com apelos à coesão e ao combate à “política-espetáculo”, prometendo uma oposição “leal, responsável e firme” ao Governo da Aliança Democrática de Luís Montenegro.
No discurso de consagração como líder do PS, José Luís Carneiro centrou-se nos “valores e princípios” que, afirmou, “continuam a ter condições para serem maioritários no país”, declarando-se “honrado” pela confiança dos militantes.
“É a primeira vez que vos falo na qualidade de líder do Partido Socialista. A confiança em mim depositada pelos meus camaradas é uma honra e uma responsabilidade”, disse José Luís Carneiro na primeira intervenção após as diretas às quais foi candidato único e em que resultou eleito com 95,4% dos votos escrutinados.
Na ocasião, deixou expressa a sua determinação em “liderar um partido com um passado” pelo qual sente orgulho e uma “vontade de futuro” que une todos os socialistas.
“É com honra e responsabilidade que assumo esta missão, num Partido herdeiro de Mário Soares, que lutou para que hoje vivamos num país livre e solidário”, sublinhou.
De seguida, o novo líder do PS frisou a necessidade de recentrar a política nos valores fundamentais, recusando cedências ao vedetismo ou a decisões precipitadas, frequentemente associadas à “vertigem do momento”.
Neste ponto, criticou tanto populistas, que “ fomentarem o ressentimento e o ódio”, como conservadores e neoliberais, que “minam a coesão social de forma mais discreta”.
“Fazem-no impondo um custo às nossas sociedades, tomam decisões precipitadas, exploram medos e receios, inflamam as emoções”, deplorou, para logo reafirmar que o PS, sob a sua liderança, terá “uma postura diferente”.
José Luís Carneiro sustentou deste modo a sua opção por um posicionamento ponderado: “Sem precipitações, sem tentações táticas, sem nos concentrarmos excessivamente em questões conjunturais.”
Oposição alternativa com propostas concretas
No capítulo da política nacional, prometeu um PS mobilizado para exercer uma oposição atenta e propositiva.
E fez notar que os socialistas utilizarão “todos os instrumentos de fiscalização para contestar medidas que considerem erradas, injustas e ineficazes”, como é o caso, exemplificou, da proposta do Governo que pretende que os estudantes recorram a empréstimos bancários para aceder ao ensino superior.
“Somos oposição alternativa, com propostas concretas para os problemas reais das pessoas”, vincou, reafirmando prioridades como a economia, os salários, a habitação e, em particular, a saúde.
Neste último setor, o recém-eleito Secretário-Geral defendeu ser “urgente melhorar o SNS”, que “com este Governo viu os seus problemas agravados, em vez de resolvidos”.
Candidaturas autárquicas comprometidas com integridade e transparência
José Luís Carneiro reiterou também a disponibilidade do PS para construir consensos nas áreas da política europeia e externa, da defesa, da segurança e da justiça, sublinhando o seu compromisso com a estabilidade democrática.
E em antecipação às próximas eleições autárquicas, o novo Secretário-Geral do Partido Socialista anunciou a realização de uma Convenção Autárquica para “o final de agosto ou início de setembro”, com o objetivo de reforçar o compromisso dos candidatos socialistas com os valores da liberdade, igualdade e solidariedade, prometendo candidaturas com princípios de integridade e transparência.
“Nos próximos meses, o país vai estar concentrado nas eleições autárquicas. Foi como autarca que comecei a minha vida política. É no poder local democrático que mais se sentem os valores da liberdade, da igualdade e da justiça”, apontou, rematando a manifestar confiança dos eleitores “que saberão escolher projetos progressistas e não soluções populistas ou conservadoras”.