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É preciso apostar no conhecimento e no emprego e defender o Estado Social

É preciso apostar no conhecimento e no emprego e defender o Estado Social

António Costa defendeu hoje que o país precisa de um modelo de desenvolvimento que invista no conhecimento e na inovação, na defesa do Estado Social e tendo o emprego como a causa das causas. O líder socialista acusou Passos Coelho de não apresentar qualquer ideia para o futuro e de esconder um programa de continuação da austeridade e do empobrecimento, com novos cortes nas pensões e privatização dos serviços públicos.

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É preciso apostar no conhecimento e no emprego e defender o Estado Social

Estas posições foram transmitidas durante o debate com Passos Coelho, realizado hoje de manhã em simultâneo pela Antena 1, Rádio Renascença e TSF, a partir do Museu da Eletricidade, em Lisboa.

O Secretário-geral do PS acusou ainda o líder da coligação de direita de perfilhar a austeridade como a ideologia da sua ação e de ter uma política de passa-culpas.

António Costa considerou, por isso, que “é preciso virar a página da austeridade que marcou estes últimos quatro anos e devolver a tranquilidade aos cidadãos, que nunca sabem se irão sofrer cortes nos seus rendimentos ou pensões”.

“Ficou claro que o Dr. Passos Coelho não tem nada a propor aos portugueses relativamente ao futuro a não ser esconder, mais uma vez, o seu programa”, disse o líder do PS, que mais uma vez recusou qualquer entendimento sobre a proposta da coligação PSD/CDS para a Segurança Social.

“A vossa proposta de cortar 600 milhões de euros aos pensionistas não terá o nosso apoio, não vale a pensa sentarmo-nos. É uma pergunta retórica porque já sabe que não contará connosco. Nós recusamos qualquer novo corte”, disse.

António Costa voltou a criticar a proposta da coligação de direita de privatizar parte da Segurança Social, através do chamado plafonamento, reiterando que é necessário diversificar as fontes de financiamento da Segurança Social.

“É preciso voltar a dar confiança às pessoas, criar emprego, que é a melhor forma de garantir as pensões atuais e futuras”, defendeu, lembrando que a Segurança Social sofreu nos últimos quatro anos um rombo de oito mil milhões de euros devido ao aumento exponencial do desemprego e da emigração em massa, em grande parte de jovens altamente qualificados.

No debate, o secretário-geral do PS denunciou mais uma vez a opção política de Passos Coelho de ter seguido uma política de austeridade “por vontade própria” e de ter ido por isso para além das exigências contidas no memorando com a troica, colocando o país e os portugueses sob sacrifícios que apenas resultaram do seu próprio pensamento político.

António Costa lembrou, a propósito, que o líder do PSD, mesmo antes de ser primeiro-ministro, defendia o caminho da austeridade, sustentando reiteradamente na altura que “Portugal precisava de uma cura de empobrecimento”, já que “vivia acima das suas possibilidades”.

O líder socialista foi bastante crítico da atuação do Governo português no plano europeu, que foi marcada por um seguidismo acrítico e apoio às políticas de austeridade.

Segundo sublinhou António Costa, o Governo português, em vez de ter procurado alinhar a sua posição com os executivos de Madrid e de Roma, que organizaram uma cimeira em 2012 no auge da crise das dívidas soberanas , não compareceu, optando antes por ir “ir além da troica” ao cortar salários, pensões, prestações sociais e fazer um aumento colossal de impostos.

Por isso, o líder do PS defendeu que “de uma vez por todas” Passos Coelho tem de “ter a coragem de assumir perante os portugueses que fez o que quis, não porque alguém o obrigou a fazer”.

Mais défice e mais dívida

António Costa sublinhou ainda o falhanço do Governo quanto à redução do défice e da dívida acordada com a troica e que serviu de pretexto para uma política feroz de austeridade.

“Quanto ao défice, infelizmente, não é uma questão da minha convicção, é a que a sua meta para o défice este ano não é acompanhada por ninguém”, disse, acrescentando “o défice do ano passado, só com o fracasso da operação da venda do Novo Banco, vai ficar já igual pelo menos ao défice que o Governo herdou em 2011”.

Portanto, segundo o líder socialista, Passos Coelho “arrisca-se mesmo, depois de tudo aquilo que impôs aos portugueses ao longo destes anos, a não só ter aumentado a dívida como acabar este ano com um défice igual ao défice com que começou”.

Relativamente à redução do défice em 2015, António Costa disse ao líder da coligação de direita que “não há nenhuma entidade nacional ou internacional que o acompanhe na sua previsão”.

Contudo, fez questão de sublinhar que a sua vontade era que a meta do Governo PSD/CDS-PP fosse cumprida. “Quem nos dera a todos que o défice pudesse ficar nos 2,7%, mas as melhores previsões, como sabe, o que apontam é ficarmos nos 3,2%. Se me pergunta se eu fico satisfeito com isso? Não, eu não fico satisfeito com isso, porque acho que era bom para o país podermos chegar mais cedo a um défice abaixo dos 3%”.