Numa intervenção na abertura da Cimeira Europeia de Investigação na Área do Cancro 2021, organizada pelo Porto Comprehensive Cancer Center (P.CCC) no âmbito da presidência portuguesa do Conselho da União Europeia (UE), Marta Temido salientou a “abordagem moderna” do Plano Europeu de Luta Contra o Cancro, que centrou a resposta comunitária na aposta na investigação e no desenvolvimento tecnológico ao serviço do doente, sublinhando que este é um investimento determinante para prosseguir o combate à “segunda principal causa de mortalidade nos Estados-membros”, logo a seguir às doenças cardiovasculares.
“Investir em investigação é instrumental no fornecimento de melhores diagnósticos e perspetivas para os doentes. Novas soluções digitais, inteligência artificial e mudança de paradigmas de investigação – focados em dados reais e nos resultados dos doentes – vão ajudar a atingir estes objetivos”, disse, lembrando que só no ano de 2020, 2,7 milhões de pessoas foram diagnosticadas com cancro e 1,3 milhões morreram devido à doença na União Europeia.
Investigação clínica em Portugal
A nível nacional, Marta Temido reiterou que “Portugal está comprometido com a investigação clínica” e que esse grau de compromisso é visível no “aumento de 77% de novas submissões para ensaios clínicos recebidos” nos últimos quatro anos pela Comissão de Ética para a Investigação Clínica (CEIC).
A ministra da Saúde garantiu ainda que “o país vai ter de continuar a dar acesso a ensaios clínicos a portugueses com cancro e a investir na formação dos profissionais de saúde, na otimização dos recursos dos centros para o cancro e no desenvolvimento eletrónico dos sistemas de informação”.
“Como a pandemia demonstrou, colaboração e fortes redes de investigação foram essenciais”, pelo que uma “cooperação reforçada vai permitir à Europa manter tratamento e investigação de alta qualidade no cancro, mesmo durante um evento adverso como a pandemia”, acrescentou.
Europa pode reduzir em 50% as mortes precoces até 2030
O ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, que também participou na cimeira, acentuou, por seu lado, a necessidade de valorização das infraestruturas científicas, reiterando a importância de uma “ação coletiva” a nível europeu.
O objetivo, afirmou, “é mobilizarmos os centros para que, no fim desta década, em 2030, possamos garantir que 75% dos doentes diagnosticados tenha uma sobrevivência de longo prazo, pelo menos de 10 anos, e isto significa reduzir mortes precoces em cerca de 50%”.
Manuel Heitor destacou ainda a Declaração do Porto sobre Investigação do Cancro, hoje apresentada nesta cimeira, que fixa as metas ambiciosas para a melhoria da investigação e dos resultados na área oncológica.
Alertando para a existência de uma dezena de estados-membros da UE sem uma rede plenamente integrada nesta área, o ministro português referiu-se à investigação transnacional como “uma ponte crítica entre investigação básica e a investigação clínica”.
“Isto pode ser obtido em países e regiões com sistemas de saúde bem desenvolvidos, mas a nossa meta é tornar isto possível em toda a Europa e todas as regiões, não deixando ninguém para trás”, concluiu.