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Investigação e ciência andaram 5 anos para trás

Investigação e ciência andaram 5 anos para trás

Tal como se verifica nas restantes áreas, volvidos quatro ano e meio de uma legislatura liderada pela coligação PSD/CDS, também a cultura científica sofreu um assinalável recuo. Após quase uma década de crescimento no investimento em ciência, o ciclo inverteu-se com a direita e o país andou de marcha atrás.

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Investigação e ciência andaram 5 anos para trás

Segundo um estudo sobre cultura científica em Portugal que será hoje ao fim do dia apresentado no Museu Nacional de História Natural e da Ciência, desenvolvido para a Fundação Francisco Manuel dos Santos por professores universitários e jornalistas, o progresso da ciência que o país conheceu a partir da década de 90 regrediu na última legislatura, não só em resultado da crise financeira recente, mas também fruto da opção política da coligação PSD/CDS.

Há, agora, em consequência do impacto da “asfixia financeira” em ciência, segundo os responsáveis por este estudo, menos investigação e divulgação, menos massa crítica e ambição, situação que ameaça “amputar” um número considerável de membros da comunidade científica que hoje se encontra cada vez mais “constrangida a centrar-se nas atividades essenciais”.

Para os autores deste estudo nem só a crise financeira justifica e explica a atual “fragilidade do sistema de cultura científica” em Portugal, lembrando que existem outros problemas como a “atomização” dos projetos existentes, a falta de massa crítica e a “sustentabilidade que lhe está associada”.

Outros fatores são ainda assinalados como a “falta de ambição” para se avançar com projetos maiores e mobilizadores, capazes de atrair e entusiasmar uma nova geração de cientistas, a par de uma política de efetiva transparência das instituições de investigação que usam dinheiros públicos, permitindo uma maior “acessibilidade no acesso à informação por parte dos cidadãos”.

Por outro lado, salientam os autores deste estudo, faltou nesta legislatura a “assunção pelo Estado” de uma política pública de promoção da cultura científica, “como já existiu no passado”, considerando lamentável que o consenso em torno da promoção da cultura científica em Portugal não se tenha conseguido manter, apesar de o Ministério da Educação e Ciência ter sido tutelado por Nuno Crato, que “possuía um currículo de campeão da cultura científica antes de entrar para o Governo”.

Os responsáveis por estudo lembram que neste período o Estado e as empresas baixaram os seus gastos em investigação e desenvolvimento (I&D), com as empesas a reduzirem quase 100 milhões de euros em 2011 em relação a 2009, e o Estado a baixar cerca de oito milhões em apenas três anos, números que refletem que o investimento em ciência em 2011 “tivesse sido o mais baixo desde 2008”.

A atual situação de retrocesso, segundo os autores deste trabalho, é provavelmente circunstancial, mas demonstra a necessidade permanente de uma forte posição de argumentação das várias franjas da sociedade civil em todas as atividades”.

O estudo será hoje apresentado no Museu Nacional de História Natural e da Ciência, em Lisboa, às 18h30. A apresentação estará a cargo de António Firmino da Costa e Carlos Fiolhais, contando com a presença dos seus coordenadores, António Granado e José Vítor Malheiros. A iniciativa é integrada na semana da Ciência & Tecnologia, promovida pela Agência Nacional para a Cultura Científica e Tecnológica.