Integração europeia é uma história de assinalável sucesso
No âmbito de um ciclo de 10 debates que o Ministério dos Negócios Estrangeiros organizou em todo o país, para assinalar os 30 anos de integração de Portugal na União Europeia, o ministro da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Florestas, Luís Capoulas Santos, defendeu num encontro em Évora que a agricultura portuguesa passou, em três décadas, de um estado de desenvolvimento “medieval” para um sector moderno que hoje compete com qualquer “superpotência agrícola”, graças, como realçou, à “integração de Portugal na então CEE e à Política Agrícola Comum (PAC) ”.
Nada se conseguiu, porém, como frisou, sem custos e sem “um enorme esforço” de ajustamento estrutural, mostrando-se o titular da pasta da Agricultura satisfeito com o saldo “globalmente muito positivo” alcançado, garantindo que o “caso da agricultura” portuguesa é “uma aposta muito bem-sucedida”, apesar dos “grandes desafios que se colocam para o futuro”.
Para Capoulas Santos, apesar das muitas críticas que vários países e governos têm feito à PAC, ela tem representado, segundo o governante, “a mais comunitária de todas as políticas” da União Europeia, porque, justificou, quando foi criada, na Europa do pós-guerra, um dos problemas fundamentais com que os países se depararam “era dar resposta à penúria alimentar”, depois da devastação e destruição do aparelho produtivo agrícola.
A Europa, como lembrou ainda Capoulas Santos, foi então capaz de criar uma política agrícola comum, com o objetivo de resolver o imbróglio da miséria alimentar que atravessava todo o Continente, com resultados, como sustentou o ministro da Agricultura, que ao fim de “poucos anos” atingiu padrões de “grande sucesso”.
‘Brexit’ pode trazer instabilidade
Alertando para o facto de a saída do Reino Unido da União Europeia poder trazer, em breve, uma inquietante “instabilidade” à Europa, o que “não deixará de ter consequências”, como acentuou o ministro Capoulas Santos, “também para o sector agrícola”, nomeadamente, como lembrou, porque este país era até há pouco “um contribuinte líquido” para o orçamento comunitário.
O governante fez ainda questão de recordar que apesar de no início o programa da PAC ter chegado a representar cerca de 80% do orçamento comunitário, percentagem que hoje está reduzida a metade, cerca de 40%, a política agrícola comum continua a ser, apesar desta redução, uma das políticas “mais importantes e com maior peso” no seio da União Europeia.
Capoulas Santos mostrando-se ainda convicto de que, depois de 2020, quer no que respeita ao orçamento, quer em relação ao modelo a adotar, em virtude, como referiu, dos reptos que estão associados ao futuro do sector agrícola, a Europa irá enfrentar, também nesta área, “grandes desafios”.
A iniciativa “União Europeia – 30 anos, 10 debates”, promovida pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros ao longo do ano de 2016, assinalou os 30 anos de integração de Portugal na União Europeia, avaliando e refletindo, ao longo de um conjunto de 10 debates dedicados a diversos temas, o que mudou no país nas últimas três décadas e o impacto que as políticas europeias têm tido na vida dos portugueses.