Governo cometeu o “pecado mortal” de encerrar os Estaleiros de Viana do Castelo
O Partido Socialista afirmou que o Executivo se comportou como o “pior dos patrões” por despedir todos os trabalhadores dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo, alertando que ainda há tempo para corrigir este “crime contra o interesse público”.
O deputado do PS Jorge Fão acusou o Governo de, logo após tomar posse, ter abandonado “o caminho de viabilização e de modernização da empresa”, cometendo “o pecado mortal de optar por se deixar cegar pela obsessão de encerrar” a organização.
Deste modo, passados “meses de indefinições e falhanços”, o Executivo parou a produtividade dos estaleiros e afundou a sua imagem, afirmou durante as declarações políticas, no Parlamento.
O deputado socialista sublinhou que não foi iniciada a construção dos navios asfalteiros para a Venezuela, não foi firmada nenhuma encomenda para construção de novos navios, não se procedeu à modernização da empresa, foi denunciado pelo Governo o contrato de construção de navios para a Marinha, não foi encontrada nenhuma solução para o problema do ferry Atlântida e, por fim, acusou o Governo de não ter lutado junto da Comissão Europeia para encontrar uma solução para o problema das ajudas de Estado consideradas irregulares.
Em consequência, lamentou, em abril deste ano foi abandonado o processo de reprivatização dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo, que entretanto tinha sido iniciado, através de uma “resolução do Conselho de Ministros de duvidosa veracidade”.
O Executivo decidiu, depois, subconcessionar a empresa, “a troco de míseros 40.000 euros de renda por mês, ao único concorrente que se interessou por este pouco transparente negócio”. Assim, foram desprezados mais de 600 trabalhadores, “o seu conhecimento e experiência, sem qualquer garantia da continuidade da construção e reparação naval”, asseverou.
“Como corolário deste desastre, há poucos dias o ministro Aguiar-Branco, com total insensibilidade, decreta que serão extintos os Estaleiros Navais de Viana do Castelo e, esbanjando 30 milhões de euros, despedidos, de forma imediata, a totalidade dos 609 trabalhadores da empresa”, lembrou.
Jorge Fão considerou que o Executivo se comportou “como o pior e mais irresponsável dos patrões”, uma vez que tratou os trabalhadores como “material descartável”.
“Ainda estão a tempo de evitar este verdadeiro crime contra o interesse público e de corrigir este grave erro para a estratégia de afirmação de Portugal no mar e no mundo”, apelou.